Marinha é referência internacional em Operações de Paz para Mulheres
O curso de Operações de Paz para Mulheres da Marinha do Brasil (MB) atraiu mais de 80 militares e civis, de 37 países, com o propósito de fortalecer as habilidades e conhecimentos relacionados às operações de paz da Organização das Nações Unidas (ONU), além de incentivar e prover a preparação básica para a participação feminina nessas missões. Em parceria com o Itamaraty, o curso conta com a presença de 50 estrangeiras, consolidando-se como possivelmente o mais procurado do mundo no segmento. Os números alcançados são resultado da união entre a MB e a Agência Brasileira de Cooperação, do Ministério das Relações Exteriores.
O ensino, promovido pelo Centro de Operações de Paz e Humanitárias de Caráter Naval, da MB, está na sua 12ª edição. A formação coloca em prática um acordo inovador de cooperação técnica, assinado no início deste ano, ampliando novos horizontes para as mulheres das Forças Armadas brasileiras e reforçando o compromisso do Brasil com o multilateralismo, a paz global e a igualdade de gênero.
As aulas presenciais, iniciadas em 1° de julho, ocorrem no Centro de Instrução Almirante Sylvio de Camargo, na Ilha do Governador (RJ). Elas são gratuitas e ministradas na língua inglesa. O encerramento acontece na próxima sexta-feira (5).
Cinco continentes participantes
As alunas estrangeiras são dos seguintes países: África do Sul, Alemanha, Angola, Argentina, Antígua e Barbuda, Botsuana, Brasil, Cabo Verde, Canadá, Camboja, Colômbia, Congo, Equador, Estados Unidos, Filipinas, Honduras, Itália, Indonésia, Malásia, Moçambique, México, Namíbia, Nepal, Nigéria, Paquistão, Paraguai, Peru, Reino Unido, Ruanda, São Tomé e Príncipe, São Vicente e Granadinas, Sérvia, Suriname, Tailândia, Tanzânia, Timor Leste e Zâmbia. Também integram a turma: mulheres da Marinha do Brasil, da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro e de civis de oito universidades brasileiras e de outras instituições.
A cearense Nicolle Pimentel, médica, de 39 anos, entrou, em 2017, na Marinha do Brasil, para tornar um sonho em realidade: participar de missões humanitárias. Hoje, como Capitão-Tenente, especialista em ginecologia e obstetrícia, coleciona histórias e se sente realizada. “Meu principal objetivo era ajudar a minha Nação e, também, incorporar ao pessoal de missões internacionais para somar apoio a outras nações. No ano passado, em 2023, fui voluntária para a Missão ‘Grand Africa Nemo’, embarcada no navio da Marinha, percorremos pela Namíbia, Angola, Togo e Costa do Marfim”.
A Segundo-Tenente Carla Jacinta Macuacua, da Marinha de Guerra do Moçambique, contou com orgulho sobre a experiência em um curso exclusivo para o sexo feminino. “Conhecemos várias mulheres que foram pioneiras, principalmente aqui no Brasil, em várias missões de apoio à humanidade. Isso nos incentiva e temos mais coragem para fazermos a nossa parte além das fronteiras”.
Formada em Direito e, atualmente, cursando mestrado na Escola Superior de Guerra, Bárbara Ferreira destacou a interação entre civis e militares em demonstrações e operações de paz como essa. “Academicamente e profissionalmente falando, essa oportunidade é muito boa. Vai me ajudar muito, inclusive nas minhas pesquisas”.
Atividades práticas
Ontem (3), as alunas tiveram oficinas de primeiros socorros – controle de hemorragias, desobstrução de vias aéreas, reanimação cardiorrespiratória etc – e de montagem de barraca. Elas assistiram a uma demonstração do trabalho desenvolvido pelo Pelotão de Desativação de Artefatos Explosivos, do Batalhão de Engenharia de Fuzileiros Navais.
Ainda foi simulada uma missão em que as estudantes foram resgatadas de um país fictício, com problemas de segurança. Em seguida, navegaram pela Baía de Guanabara (RJ) dentro de veículos blindados anfíbios dos Fuzileiros Navais.
Assista ao vídeo: