A importância da integração entre as indústrias do setor e as Forças Armadas foi um dos pontos destacados na apresentação
A Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE) realizou no dia 7 de maio, mais uma edição de sua reunião plenária mensal. Neste encontro foi destacada a importância da integração entre as indústrias do setor e as Forças Armadas, tema da palestra sobre mobilização, além das atualizações da ABIMDE e das boas-vindas às novas associadas.
A reunião presencial foi realizada na sede da ABIMDE, em São Paulo, mas também pode ser acompanhada on-line. Na abertura, o presidente do Conselho Diretor, Dr. Roberto Gallo, falou sobre a tragédia no Rio Grande do Sul e sobre a necessidade de solidariedade e mobilização.
“Este acontecimento é uma demonstração da força maior da natureza, mas também de um descaso e da falta de pensamento estratégico no país. Temos que aproveitar essa tragédia para tentar reformar as nossas instituições, particularmente, aquelas que têm a responsabilidade de poder público e devem agir de forma estratégica”, defendeu.
Na sequência teve início a palestra “Mobilização Nacional e Militar”, ministrada pelo Capitão de Mar e Guerra (CMG) (RM1) Paulo Sergio Camillo de Toledo, representante da chefia de Logística e Mobilização do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA).
Na apresentação, Toledo mencionou a importância da integração entre as áreas coligadas à defesa e a Defesa Civil, ressaltando a dualidade de funções e a necessidade de alinhamento e cooperação entre as instituições. A mobilização, que é uma atividade essencial para o país, parece ainda não ter a percepção necessária por parte da sociedade, conforme apontado durante explanação.
O capitão explicou que é preciso conhecer sobre mobilização para entender sua importância para o país, qual seja: o conjunto de atividades planejadas empreendidas pelo Estado complementando a logística nacional. “Se o item, se a necessidade pode ser atendida como um item de prateleira nós não temos mobilização, no entanto, se não está disponível, se não atende as necessidades, aí sim, temos que acionar a mobilização”.
Outro ponto abordado foi com relação a legislação vigente sobre o tema. Ações de mobilização atualmente são acionadas diante de uma agressão estrangeira. Todavia, propostas estão sendo discutidas para alterar a Lei de Mobilização, substituindo o texto de agressão estrangeira por situações emergenciais, o que permitiria uma resposta mais ágil e efetiva em casos como desastres naturais, exemplificados pela recente tragédia no Rio Grande do Sul.
O palestrante também falou sobre o conceito de mobilização militar voltada exclusivamente para o atendimento das necessidades das Forças Armadas, e a importância do planejamento baseado em capacidades, uma filosofia que aponta para a necessidade de construção de capacidades estratégicas.
Outro tema relevante foi o Sistema de Mobilização Nacional (SINAMOB), que envolve diversos órgãos do governo federal e é essencial para a execução da mobilização. A estrutura do SINAMOB, que até o momento foi pouco utilizada devido às limitações legais, demonstrou sua eficácia durante a pandemia de COVID-19, quando medidas dignas de uma mobilização foram tomadas informalmente.
Toledo concluiu sua apresentação falando sobre um novo sistema de cadastramento de empresas de interesse da mobilização, que visa facilitar a identificação e o contato com empreendimentos que possam contribuir em situações de mobilização nacional.
Atualizações ABIMDE
O general Mattioli iniciou as atualizações da ABIMDE destacando os últimos eventos em que a Associação esteve envolvida, seja como organizadora ou participante. “Nós estamos fazendo um esforço bastante concentrado tentando racionalizar e otimizar cada vez mais, ser mais efetivos nos nossos eventos”, exemplificou.
Entre eles, destaque para a participação brasileira no Defence Service Asia Exhibition and Conference (DAS), com o Espaço Brasil coordenado pela ABIMDE em evento na Malásia, e o workshop sobre a Reforma Tributária, realizado no último dia 24 de abril.
Na sequência, a palavra foi concedida ao Presidente do Comitê da Indústria de Defesa de Santa Catarina (CONDEFESA), da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), Cesar Olsen, que falou sobre o SC Expo Defense e sobre a tragédia no Rio Grande do Sul (RGS).
Olsen fez uma importante consideração sobre defesa nacional: “A Defesa Nacional depende da indústria local e a participação da sociedade como um todo. Quem vai defender os nossos valores, fronteiras, indústrias, tecnologias, e economias somos nós, a sociedade civil, com a sociedade militar, se me permitirem tratar como sociedade militar”, pontuou.
A SC Expo Defense será um encontro entre empresas brasileiras e italianas com representantes dos Ministérios da Defesa da Itália e do Brasil para identificar oportunidades de intercâmbio, parcerias e novos negócios. O evento será realizado nos dias 16 e 17 de maio na sede da FIESC.
A programação do Diálogo de Indústrias de Defesa com representantes italianos pretende fortalecer a cooperação bilateral na área de defesa entre Brasil e Itália, promovendo a troca de informações, tecnologias e oportunidades de negócios entre as Bases Industriais de Defesa (BID).
Mostra BID Brasil 2024
A Mostra BID Brasil, evento considerado o mais importante do setor de defesa, foi um dos destaques da exposição do general Mattioli. O evento, que funciona como uma vitrine para as capacidades brasileiras nas áreas de defesa e segurança, contará com apresentações e discussões programadas para gerar demandas e potencialidades para as empresas associadas.
A organização do evento está com as vendas avançadas, com a maioria dos espaços já ocupados por empresas que demonstrarão suas inovações e tecnologias em dezembro, em Brasília.
Comitê Nacional de Cibersegurança (CNCiber)
A seguir, a palavra foi concedida ao representante do Comitê Nacional de Cibersegurança (CNCiber), Dr. Rodrigo Jonas Fragola, que falou sobre seu contato com a ABIMDE com a intenção de se aproximar das empresas de defesa em cibersegurança, já que, segundo ele, tecnicamente não há relação com defesa.
“Pelo menos é o que passa na cabeça da maioria das pessoas. Mas não acredito que seja possível falar em defesa cibernética sem envolver a indústria, as empresas privadas e suas capacidades. Estou há 26 anos do mercado de cibersegurança, acompanho algumas empresas que fazem um trabalho fantástico nesta área”, disse.
O Dr. Fragola afirmou que sua missão é alinhar as necessidades governamentais, as necessidades de defesa, as necessidades das empresas em estratégia que está sendo construída.