O futuro da energia nuclear brasileira foi tema do painel “Diálogos Científicos” na 20ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, nesta quarta-feira (18), em Brasília. O debate, realizado pela Secretaria de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social (SETAD), contou com a presença de representantes da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
O consultor da CNEN professor José Augusto Perrotta apresentou para uma plateia de professores universitários e técnicos das áreas o projeto do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), que no futuro será um dos mais importantes centros de pesquisa de tecnologia nuclear no país e para a produção de fármacos.
Perrota destacou a importância de propagar o trabalho realizado pelo CNEN e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) sobre a energia nuclear. “Nosso trabalho é pegar esse conhecimento sobre ciência nuclear e transformá-lo em tecnologia. O que a gente faz é entender a ciência e transformar em tecnologia para aplicação para a sociedade, para melhorar a qualidade de vida da sociedade”, disse.
O RMB vai trazer a autossuficiência do Brasil para produção dos radioisótopos. “Sendo que a maior parte desses radioisótopos são fornecidos e usados como insumo para radiofármacos usados na medicina nuclear. Este é o grande objetivo social desse reator”, explicou a coordenadora técnica do RMB e assessora de Pesquisa do CNEN, Patrícia Pagetti.
De acordo a coordenadora, além da aplicação na medicina, a segunda função do reator brasileiro é para ser usado na aplicação estratégica e desenvolver novos materiais, como novos combustíveis para reatores. “A terceira função é ter um grande laboratório de feixe de nêutrons e vários laboratórios associados para desenvolver pesquisas científicas e desenvolver novas tecnologias. Isso traz um grande avanço para a área nuclear no país”, enfatizou a representante do CNEN.
Patrícia também enfatizou a necessidade de colocar em debate o que o Brasil tem feito com relação às tecnologias em energia nuclear. “Qualquer discussão nessa área mostrando as aplicações sociais e estratégicas da energia nuclear são pacíficas. A gente tem cada vez mais que divulgar o que é a tecnologia nuclear e todas as aplicações que trazem tantos benefícios para a sociedade”, completou.
Acordo com a Argentina – No início do mês de outubro, a ministra Luciana Santos, assinou, em Buenos Aires, um acordo de cooperação com Argentina para a implantação do Reator Multipropósito Brasileiro na cidade de Iperó (SP). A parceria facilitará a construção do RMB, segundo explica Patrícia. “Esse acordo foi feito para que uma empresa argentina, que tem muita experiência em projetos de reatores, possa ajudar no avanço da construção do RMB”, disse.
Além da planta de produção de radioisótopos, a parceria envolve projetos conjuntos de pesquisa e desenvolvimento e ações que beneficiarão toda a cadeia produtiva da indústria nuclear nos dois países.