Treinamentos da Força de Fuzileiros da Esquadra foram concluídos nessa terça (23), no sul de Minas Gerais
Foram concluídos, nessa terça (23), os treinamentos da Força de Fuzileiros da Esquadra, que contou com mais de 1500 militares. Em maio, aconteceram duas Demonstrações Operativas (DemOp), na região sul de Minas Gerais (MG), com o propósito de exemplificar as capacidades e os meios empregados na Operação Furnas 2023. Foi possível ver de perto o treinamento de Unidades da Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE) integradas aos meios aéreos e embarcações da Marinha do Brasil (MB) em Operações Ribeirinhas, de Paz e Interagências com a participação de outros órgãos estaduais e municipais.
A MB está presente e realiza ações pelo mar, pelos rios, lagos e águas interiores de todo o País. Por isso, o “Mar de Minas” foi uma escolha estratégica, como afirma o Almirante de Esquadra Wladmilson Borges de Aguiar, Comandante de Operações Navais. “Nós já estamos há muito tempo operando no mar, nos ambientes pantaneiro e amazônico, e necessitávamos de um maior adestramento em lagos e águas interiores. Se um dia, por exemplo, alguma cidade próxima ao lago de Furnas tiver um problema parecido com o que teve em São Sebastião (SP), em que vias e rodovias foram interditadas, nós poderemos por meio do lago chegar e prestar o apoio necessário”.
A região do lago de Furnas oferece um ambiente adequado para a integração dos espaços mar, terra e ar, favorecendo o emprego dos meios navais, aeronavais e de fuzileiros navais na realização de exercícios operativos. Além disso, essa característica multidomínio contribui para a realização de uma ampla gama de atividades, que vão desde as ações de Guerra Naval, como as Operações Ribeirinhas, passando pelas atividades de emprego limitado da força, como as Operações de Paz, até as atividades benignas, como as de Apoio à Defesa Civil.
A Equipagem leve de transposição de curso d´água pode levar meios pesados para suporte logístico – Imagem: Veterano Alves
O primeiro dia de demonstrações começou na Base Aérea Expedicionária (BAE), antigo aeroporto de Furnas, que foi reativado em 2023 e hoje conta com um destacamento de Fuzileiros Navais. Já na região conhecida como “prainha”, aconteceram atividades relacionadas às Operações Ribeirinhas e ao desdobramento de um Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais de Força de Paz e Reação Reação Rápida. A MB possui segmentos inseridos no Sistema de Capacidades de Manutenção da Paz das Nações Unidas (ONU), na qual destaca-se a Companhia QRF (Quick Reaction Force) que deu início à demonstração.
A Base Aérea Expedicionária reativada em 2023 ampliou a presença da MB na região – Imagem: 3SG FN CN D.Cruz
Eventos simulados demonstraram uma ajuda humanitária de distribuição de água, por meio de uma equipe de engajamento, que possui a tarefa de interagir com a população por meio da observação, engajamento e relato. Em sequência, foram demonstradas as ações do Pelotão de Desativação de Artefatos Explosivos, além de um ataque de forças suspeitas, que foi neutralizado pela Companhia QRF. Esse Grupamento recebeu, em 2022, o inédito nível três, no sistema de prontidão de capacidades de manutenção da paz da ONU.
Sobre a certificação da ONU, o Almirante de Esquadra (Fuzileiro Naval) Carlos Chagas Vianna Braga, Comandante Geral do Corpo de Fuzileiros Navais, lembra que quando se atinge o patamar máximo de preparo, é necessário manter esse nível, por isso, esse exercício traz um aspecto importantíssimo. “Atualmente, em vários países da África, a demanda principal tem sido por capacidades de operações ribeirinhas. No momento em que a gente condensa um exercício de QRF num ambiente como esse, temos um ganho de qualidade muito grande, estando, assim, sempre prontos”, reforça.
O evento foi aberto ao público e contou com a presença de diversas escolas da região, além de receber uma coletiva de imprensa. A estudante Maria Eduarda, de 17 anos, moradora de Furnas, conta que foi a primeira vez que foi a um evento como esse. “O que mais me chamou a atenção foram as aeronaves e a simulação de refugiados e suas necessidades, e qual seria a ação dos militares nessas situações.”
Na segunda etapa da demonstração, houve ações de reconhecimento, que contaram com Aeronaves Remotamente Pilotadas e equipes de Comandos Anfíbios do Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais. Assim como a presença da aeronave AF-1 Skyhawk, do Primeiro Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque, da Força Aeronaval, com a finalidade de bombardear posições inimigas. A ação foi finalizada com projeção de forças nas margens dos rios, com o apoio dos Carros Lagarta Anfíbio (CLAnf), e a ação do Grupo de Reconhecimento Nuclear, Biológica, Química e Radiológica (Defesa NBQR).
Operações Interagências
No dia 16, foi a vez de observar as demonstrações de Operações Interagências, que são as interações das Forças Armadas com outros órgãos, com a finalidade de conciliar interesses e coordenar esforços. Segundo o Vice-Almirante (Fuzileiro Naval) Renato Rangel Ferreira, Comandante da Força de Fuzileiros da Esquadra, “os militares têm sido cada vez mais demandados para esse tipo de operação, que acontece diante da conjugação dos esforços, da complementaridade das capacidades de cada ator disponível na região para que possa ser criado uma sinergia e obter o melhor resultado”.
O Comandante da FFE ressalta que um dos grandes ganhos da Operação foi participar de um exercício de múltiplas vítimas, em coordenação com a Santa Casa de Misericórdia de Passos (MG), no qual foi possível aprender com o Estado de Minas Gerais como se recebe, faz a triagem e trata os pacientes nesse tipo de situação.
A interação com a Marinha também foi importante para a Santa Casa, como recorda o diretor da instituição, o médico José Ronaldo Alves, “nós somos um hospital de referência para as cidades da região que recebem muitos turistas e eventos. Diante disso, essa interação com a Marinha é muito importante porque, em uma situação difícil, quanto mais pessoas engajadas em resolver o problema, melhores serão os resultados”. Ainda na área da saúde, em uma das diversas bases montadas, foram demonstradas as possibilidades da Unidade Avançada de Trauma (UAT), monitorada pela Unidade Médica Expedicionária da Marinha.
Finalizando as demonstrações, a Usina de Furnas recebeu o Grupo Especial de Retomada e Resgate (GERR), que faz parte do Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais, que fez uma simulação de retomada da própria instalação e de resgate de reféns submetidos ao confinamento, após todas as negociações, por parte de outros órgãos responsáveis, terem cessado e ocorrer uma escalada da crise.
Todos os militares e suas capacidades vistas durante a DemOp estão preparados para serem mobilizados em até doze horas, com todo armamento, munição e ração necessários para se deslocar para qualquer região do País. Essa é uma das capacidades mais importantes para o Corpo de Fuzileiros Navais, chamada de pronto emprego. O Vice- Almirante (FN) Renato destaca que os fuzileiros navais podem atuar num amplo espectro de atividades, que vai desde as atividades benignas, passando pelas de emprego limitado da força e, em especial, nas ações e operações de guerra naval. Quanto a essas últimas, não por acaso, o preparo e o emprego com o foco na defesa da pátria é a razão de ser da Marinha.”
As informações são da Agência Marinha de Notícias.