Desde que o Hospital de Campanha (HCAMP) da Força Aérea Brasileira (FAB) foi montado, junto à Casa de Saúde Indígena (Casai), em Boa Vista (RR), os trabalhos são constantes. Esta é uma das ações do Comando Operacional Conjunto Amazônia (Cmdo Op Cj Amz) para atender aos indígenas da Terra Yanomami, em razão da crise sanitária. Nesta sexta-feira (24/02), a unidade de saúde móvel chegou a 1548 atendimentos.
O hospital é formado por uma equipe com especialidades em clínica médica, ortopedia, cirurgia geral, pediatria, radiologia, ginecologia, patologia, odontologia, nutrologia, além de enfermeiros, farmacêuticos e técnicos em enfermagem. Os profissionais seguem uma rotina de atendimento às crianças e adultos que chegam ao local com quadro de desnutrição, pneumonia, parasitose intestinal, malária, doença de pele, dentre outras.
Para o Comandante do HCAMP, Major Médico Felipe Figueiredo, o desafio de toda equipe, desde que chegou ao local para os primeiros atendimentos, foi enorme. “O HCAMP chegou aqui em uma situação de crise sanitária e no início, a presença desta unidade de saúde foi extremamente importante, pois havia uma grande necessidade de apoio à saúde. Fomos os primeiros a chegarmos e, desde que mobilizamos toda essa estrutura, imediatamente iniciamos o atendimento, assim impactando na diminuição da piora clínica”, destaca o Oficial.
Conforme o médico, prestes a completar um mês de atendimentos, as melhoras clínicas dos pacientes são notórias. “Muitos chegavam aqui com crise aguda, descompensação clínica e hoje estamos mantendo a estabilidade dos indígenas, as crianças já evoluindo positivamente e com ajuda das outras entidades, por meio do Ministério da Saúde, presentes aqui. Estamos em uma fase importante, com evolução favorável. O tempo que estamos aqui é necessário, por isso a razão de permanecermos e fazermos a diferença”, garante o Major.
Principais atendimentos no HCAMP
Dentre as especialidades presentes no HCAMP, as principais demandas são em pediatria, com quase 500 atendimentos, seguidos de clínica médica com mais 170, ginecologia com mais de 150 e os exames laboratoriais, os quais já ultrapassaram os 200.
A Capitão Médica Caroline Alvim de Souza Guimarães é a pediatra do HCAMP da FAB nesta fase da operação. “Essa é uma missão que tem suas peculiaridades, por estarmos diante de uma cultura diferente. No primeiro momento eles não aceitaram a gente por conta da comunicação, medo por não saberem como fazer. O primeiro contingente do HCAMP chegou com a incumbência de atender, mas também de cativar o indígena, trazer para a gente. Quando a segunda equipe chegou, já os tínhamos próximos, confiando no nosso trabalho e até nos chamando de Soldados”, relata a Oficial.
Quanto aos atendimentos médicos realizados, a Capitão conta acerca dos quadros clínicos observados. “Encontramos pacientes com desnutrição crônica grave e, isso é muito ruim, porque qualquer doença relativamente simples que uma criança bem nutrida conseguiria evoluir melhor, de forma mais satisfatória, com os indígenas pode complicar esse processo de melhora”, comenta.
Ao ultrapassar os 1500 atendimentos, a médica garante que a saúde dos indígenas tem evoluído de forma satisfatória, sem registros maiores de transferências para hospitais da capital.
Os desafios das equipes técnicas do HCAMP
A Sargento Enfermeira Letícia Costa é a encarregada do HCAMP da FAB e chegou para atuar na Operação Yanomami com o primeiro contingente, ainda em janeiro. A função dela é atuar no planejamento logístico, administração e doutrina dos graduados na missão. “Fomos acionados praticamente a toque de caixa e, dentro de 22 horas estávamos com os materiais e estrutura separada para montar o HCAMP aqui em Boa Vista. Nós, que atuamos em missões dessa natureza sabemos da característica impar ao montar uma estrutura de saúde móvel. Somos lançados diante do desconhecido e mesmo assim conseguimos cumprir a missão”, conta a militar.
As funções da Sargento não se restringem apenas ao HCAMP. A militar já esteve na aldeia Kululu, região de Auaris, prestando atendimentos. Para ter acesso, é necessário 1h30 de voo até à Terra Yanomami e, cerca de seis horas de caminhada pela mata, até chegar à aldeia. “Fui acionada em 24 horas e seguimos para Surucuru, com uma equipe. Fomos recepcionados pela comunidade local, onde distribuímos cestas básicas e observamos o quanto precisavam da gente. Fizemos cerca de 50 atendimentos em saúde, com crianças resfriadas, infecção gastrointestinal e outras situações. Conseguimos abraçar esses indígenas, por meio dos nossos atendimentos e por isso me sinto orgulhosa de compor o corpo de saúde da Força Aérea Brasileira e poder exercer minha profissão através do Hospital de Campanha e ajudar quem mais precisa”, finaliza.
As informações são da Força Aérea Brasileira.
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