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Parceria Brasil-China: visita do presidente Xi Jinping reforça cooperação em ciência, tecnologia e inovação

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Se você estiver na praia e se deparar com estacas numeradas pela Fundação Projeto Tamar, cujo nome vem das iniciais “Tartaruga” e “Marinha”, saiba que ali está a indicação de um ninho de tartaruga. Para ajudar a proteger os filhotes que vão nascer naquela área, a organização orienta a não retirar nem se aproximar das estacas. Desde setembro de 2022 até março de 2023 ocorre a 42ª temporada de desovas de tartarugas, quando 25 mil desovas viabilizarão o nascimento de cerca de dois milhões de filhotes nas praias do litoral brasileiro, que vão do norte do Rio de Janeiro ao sul do Rio Grande do Norte. Já nas ilhas oceânicas, as desovas começaram em dezembro.

A Marinha do Brasil (MB), que possui estruturas para pesquisas científicas em ilhas oceânicas do País, valoriza ações que contribuam para a conscientização da sociedade, estimulem a mentalidade marítima, combatam o descarte de lixo no mar e ampliem a concepção sobre a importância da vida marinha na “Amazônia Azul”. As ações do Projeto Tamar em parceria com a Marinha do Brasil, segundo umas das fundadoras do projeto, Neca Marcovaldi, começaram na década de 1980.

“Inúmeras ações aconteceram em conjunto nos mais de 40 anos de vida do Projeto Tamar, mas é na Praia do Forte, no litoral baiano, onde é mais evidente essa nossa parceria com a Marinha. Lá no Farol Garcia D’Ávila está instalado nosso principal museu. Este centro de visitação chega a atender 500 mil pessoas por ano. É um dos dez museus mais visitados do Brasil e o maior instrumento de sensibilização ambiental da instituição, sendo um dos principais atrativos da região. Além disso, dinamiza a cultura local e o turismo, gera empregos e recursos, que são investidos integralmente no programa de conservação das tartarugas marinhas”, explicou Neca.

Como ajudar a salvar dois milhões de filhotes

A Marinha viabiliza, anualmente, vagas para pesquisadores do Projeto Tamar e de universidades que monitoram e pesquisam as tartarugas verdes na Ilha da Trindade. “Salvar dois milhões de filhotes por ano nos traz esperança de tornar as populações de tartarugas mais robustas, capazes de enfrentar as novas ameaças, que são muitas. Temos orgulho de proporcionarmos, através de nossas ações de pesquisa, o aumento da população de quatro das cinco espécies que ocorrem no Brasil. Compartilhamos esses resultados com todos que nos apoiam e a Marinha se destaca como parceira dessa nossa trajetória”, ressaltou Neca.

O Gerente do Programa de Pesquisas Científicas em Ilhas Oceânicas (PROILHAS), coordenado pela Marinha do Brasil, o Capitão de Fragata Marco Antonio Carvalho de Souza, explica que a seleção de pesquisadores para integrarem expedições científicas à Ilha da Trindade está vinculada, em geral, aos editais do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) publicados a cada três anos para esse fim específico. “Uma vez selecionados, os pesquisadores embarcam em navios da Marinha e, a partir daí, recebem todo o suporte logístico necessário para o desenvolvimento de suas respectivas atividades, seja a bordo do navio, durante o deslocamento que leva de três a quatro dias, ou durante a estadia na Ilha, que pode chegar a dois meses ininterruptos. Agora mesmo, em dezembro, embarcamos quatro pesquisadores que lá permanecerão até fevereiro, sendo dois ligados a universidades e outros dois ligados ao Tamar”, explicou o Capitão de Fragata Carvalho. “Uma vez na Ilha, os pesquisadores do Tamar contam tanto com a infraestrutura do nosso Posto Oceanográfico quanto da nossa Estação Científica para desenvolverem seus trabalhos de captura, marcação, monitoramento e tantos outros, voltados para necessária preservação das tartarugas na Trindade”, acrescentou.

A estudante de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Santa Cruz, da Bahia, Clara Kalid, que está na Ilha da Trindade junto com outros estudantes e pesquisadores, conta que a equipe estará no local pelos próximos dois meses (parte deles pelo Projeto Tamar e outra por projeto da   Universidade Estadual do Paraná). “Viemos para monitorar a desova de tartarugas-verdes, cuja média é de quatro mil desovas no período de dezembro a março. Nosso trabalho diário é acompanhar esses rastros na praia”, explicou.

Ilhas Oceânicas

As ilhas oceânicas também possuem importante valor científico, socioeconômico e ambiental, em função da singularidade de seus ecossistemas, das espécies endêmicas, da constituição e da evolução geológica e da possibilidade de geração de dados essenciais para previsões meteorológicas, estudos geológicos, oceanográficos e climáticos. Além disso, elas garantem uma área marítima de 200 milhas náuticas no seu entorno, cujos recursos existentes na água, no leito e subsolo marinhos são exclusivos do Brasil. Vale destacar, ainda, que Trindade é a ponta aparente de uma cadeia de montanhas submersas, a 4.000 metros de profundidade, que se estende desde Vitória até as ilhas Martin Vaz.

Na Ilha da Trindade – maior sítio reprodutivo das tartarugas-verdes no Atlântico Sul, cuja espécie chega a pesar 200 quilos e só desova em ilhas oceânicas – a Marinha tem um Posto Oceanográfico. A ilha está sob jurisdição do Comando do 1º Distrito Naval, e entre suas diversas responsabilidades, mantém a ilha ocupada, preserva as características ecológicas da ilha e do ambiente marinho circulante, contribuindo para a proteção do meio ambiente e combate à poluição em qualquer de suas formas; e serve de base de apoio a grupos que realizem na área atividades autorizadas.

O Projeto Tamar está presente na Ilha da Trindade desde 1982, com apoio da Marinha, monitorando a desova em suas praias, chegando, muitas vezes, a cerca de 30 desovas por noite durante a temporada de dezembro a junho. Em 2007, foi criado o Programa de Pesquisas Científicas na Ilha da Trindade (PROTRINDADE), no âmbito da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), coordenado pela Marinha por meio da Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (SECIRM), o PROTRINDADE viabiliza o acesso das universidades e o compartilhamento dos conhecimentos científicos sobre a região.

O Secretário da CIRM, o Contra-Almirante Marco Antônio Linhares, explica que durante anos a Marinha recebia muitas solicitações para a realização de pesquisas na Ilha da Trindade e o PROTRINDADE veio para atender essas demandas, aproveitando o apoio logístico regular prestado pela Marinha às instalações que mantém na Ilha. “O Programa gerencia o desenvolvimento de pesquisas científicas na Ilha da Trindade, ilhas Martin Vaz e na área marítima adjacente, viabilizando a obtenção, a sistematização e a divulgação de conhecimentos científicos sobre a região. Desde então, a SECIRM realizou dezenas de expedições científicas, apoiando centenas de pesquisadores”, afirmou o Almirante Linhares.

O Almirante Linhares destaca, ainda, sua satisfação com a existência de tartarugas marinhas na Baía de Guanabara, no entorno da Diretoria de Hidrografia e Navegação, um recanto intocável mantido pela Marinha nas proximidades de Niterói (RJ). “Uma das grandes conquistas ao longo dos anos desse projeto é a felicidade de avistar na baía de Guanabara tartarugas marinhas alimentando-se, diariamente, de algas durante a maré cheia. Essa ilustre presença é a certeza dos bons resultados do acordo com o Tamar”, reforçou.

Experiências com as tartarugas

Crianças e adultos podem ter experiências no cuidado com as tartarugas, bem como no preparo e alimentação desses animais, por meio dos programas disponíveis nos Centros de Visitantes do Tamar, apoiados pela Marinha. Os participantes acompanham de forma presencial ou virtual as ações de educação ambiental e de veterinária, seguindo os passos dos profissionais da fundação. Um desses programas é o “Biólogo por um dia”, do qual a pequena Manuela Arentz, de 11 anos, participou quando tinha apenas 8 anos de idade. “Eu gostei muito da atividade de medir a tartaruga e de dar comida para ela. Eu recomendo para outros amigos porque é legal cuidar de bichinhos ameaçados de extinção, e também se você tem uma experiência com biologia, no futuro pode arranjar emprego em outro lugar”, afirmou.

O Projeto Tamar começou a proteger as tartarugas marinhas no Brasil na década de 1980 e executa a maior parte das ações descritas no Plano de Ação Nacional para a Conservação das Tartarugas Marinhas. Eles trabalham na pesquisa, proteção e manejo das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no País: tartaruga-cabeçuda, tartaruga-de-pente, tartaruga-verde, tartaruga-oliva e tartaruga-de-couro. Quatro delas encontram-se em algum grau de ameaça de extinção. Apenas a tartaruga-verde saiu da lista de espécies ameaçadas e passou para a categoria “Quase Ameaçada”, mas depende de ações de conservação para permanecer nessa condição.

A fundação protege cerca de 1.100 quilômetros de praias e está presente em 23 localidades, em áreas de alimentação, desova, crescimento e descanso das tartarugas marinhas, no litoral e ilhas oceânicas dos estados de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina.

As informações são da Agência Marinha de Notícias.

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