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SEPROD participa de Encontro Estratégico no Leste Asiático

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SAFRAN participa do II SITDRONE AIRE & ESPACIO 2024

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Parceria Brasil-China: visita do presidente Xi Jinping reforça cooperação em ciência, tecnologia e inovação

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MDIC e governo da China reforçam parceria estratégica para promoção da indústria, de pequenas empresas e do desenvolvimento sustentável

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20 anos da Amazônia Azul: o mar que gera emprego e crescimento econômico

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Estabelecido durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em 1992 (RIO-92), o Dia Mundial dos Oceanos tem o propósito de chamar atenção e motivar iniciativas que colaborem para esse complexo ecossistema. A data celebra, também, os profissionais que buscam entender esse ambiente: o oceanógrafo.

Cobrindo mais de 70% da superfície, os oceanos reúnem cerca de 97% de toda a água existente no planeta, abrigam a maior biodiversidade global e são os maiores reguladores do clima e das condições meteorológicas. Esse entendimento ganha ainda mais significado para o Brasil, que é detentor de um espaço marítimo com mais de 5,7 milhões de km², chamado de Amazônia Azul. É por essa área que circulam 95% do comércio exterior brasileiro e se concentram 85% das nossas reservas de petróleo. Assim, os oceanos representam fundamental relevância para o desenvolvimento nacional.

Duas das ciências que contribuem para o conhecimento do espaço oceânico, a Hidrografia e a Oceanografia, são coordenadas e promovidas, na Marinha do Brasil, pela Diretoria de Hidrografia e Navegação, Organização Militar responsável pelas atividades de levantamentos e análises de dados hidroceanográficos que resultam em informações ambientais em apoio à aplicação do Poder Naval, à Segurança da Navegação e à execução de projetos de pesquisa.

“No Dia Mundial dos Oceanos, enaltecemos a importância dos oceanos e dos oceanógrafos para a sociedade, de modo a estimular o desenvolvimento da mentalidade marítima na população, para que os recursos marinhos sejam explorados de maneira consciente, sustentável e segura em benefício do país”, afirma o Diretor de Hidrografia e Navegação, Vice-Almirante Renato Garcia Arruda.

Uma oceanógrafa na Marinha do Brasil

A Capitão de Fragata (T) Maria Cecilia Trindade de Castro – oceanógrafa, praticante de windsurf, natação no mar, e participante de rústicas natatórias –, é Chefe do Departamento de Meio Ambiente para Zona Costeira e Águas Jurisdicionais Brasileiras, da Diretoria de Portos e Costas da Marinha, e conta em que áreas o profissional de oceanografia pode atuar na Força, fala da rotina, desafios e compartilha algumas experiências.

 

Como foi seu processo seletivo para o ingresso na Marinha?

Eu fiz o processo seletivo com 23 anos, recém-formada em Oceanografia, pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Na época, o processo seletivo era mais longo, iniciava em junho, com a prova escrita e redação. Eram três vagas, sendo que, pela regra, o triplo de candidatos, com as maiores notas, passava para as etapas seguintes: exame físico, exame psicotécnico, entrevista, e por fim, uma prova oral, classificatória.

Antes de entrar quais eram suas expectativas na Força?

As expectativas eram muitas! Recém-formada, ingressando na Marinha, com um campo de atuação gigantesco, as Águas Jurisdicionais Brasileiras. Eu via na Instituição a possibilidade de exercer plenamente minha profissão.

Quais são os maiores desafios do Oceanógrafo na Marinha?

O mar é essencial na vida do planeta. Frente aos desafios atuais, vejo a atuação do profissional como ainda mais desafiadora e fundamental. Foi no mar que a vida começou. O oceanógrafo na Marinha, em função da gama de atividades que ele pode exercer, vai ser peça-chave na consecução de pesquisa e, portanto, conhecimento; na fiscalização de atividades lesivas ao meio ambiente aquático, advindas de incidentes de poluição; na elaboração de normas para a preservação da saúde do oceano; e na regulação e uso sustentável do mar como elo fundamental para o escoamento de bens e serviços essenciais providos pelo transporte marítimo, preservando-o para as futuras gerações.

Como é a rotina de um militar oceanógrafo?

Dependendo de onde servir, pode atuar embarcado em navios, na análise dos dados levantados nas comissões hidroceanográficas, diretamente no desenvolvimento de projetos de pesquisa, no acompanhamento de fóruns internacionais, buscando conciliar demandas internacionais e os interesses nacionais no que diz respeito ao mar, ou, ainda, na elaboração e implementação de normativas para prevenção da poluição hídrica por embarcações, plataformas e suas instalações de apoio.

Quais são as áreas ou atividades em que o oceanógrafo pode atuar na Força?

O oceanógrafo na Marinha geralmente trabalha no Centro de Hidrografia da Marinha (CHM), cuja missão é “analisar, armazenar e intercambiar dados geoespaciais marinhos, a fim de contribuir para a produção e divulgação das informações de segurança da navegação e do ambiente marinho”. No CHM, as atribuições estão relacionadas à análise de dados meteoceanográficos e ambientais oriundos de amostras coletadas em cruzeiros hidroceanográficos e boias, modelagem e previsão numérica, e ao Banco Nacional de Dados Oceanográficos (BNDO).

O trabalho do Centro tem como objetivo principal o que se convenciona chamar de oceanografia operacional. O CHM oferece, também, todo um serviço voltado à segurança da navegação, no qual se inserem, dentre outras atividades, os levantamentos hidrográficos, a previsão de maré e análise dos dados topogeodésicos, além do essencial serviço meteorológico marinho; essas atividades também contam com a participação dos oceanógrafos.

A Diretoria de Portos e Costas é outro local de atuação do oceanógrafo, especificamente na Superintendência de Meio Ambiente, cujo trabalho é focado na prevenção da poluição hídrica por parte de embarcações, plataformas e suas instalações de apoio, e na internalização de regras internacionais ratificadas pelo Brasil. Na DPC, são elaboradas Normas da Autoridade Marítima que versam sobre a proteção do meio ambiente aquático, dentre outros assuntos.

Outro local de possível atuação é o Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira, em Arraial do Cabo, Rio de Janeiro, onde se realizam pesquisas e serviços tecnológicos na área de ciências do mar, e que oferece um Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Marinha (Mestrado e Doutorado) em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF). Por último, mas igualmente importante e desafiador, os oceanógrafos podem também atuar na Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar.

Quais foram suas experiências na Marinha que dificilmente teria em outro lugar?

A associação entre a oceanografia e a vida a bordo é quase que direta, no entanto, pessoalmente, não tive muitas experiências embarcada, justamente por minha carreira ter seguido mais voltada para a área de prevenção da poluição e proteção do meio ambiente marinho. Dessa forma, no que diz respeito ao trabalho mais operativo, participei de eventos interagências em emergências ambientais, como, por exemplo, durante o inédito acionamento do Plano Nacional de Contingência, em 2019.

As instituições eram diversas, o trabalho hercúleo, mas a determinação de todos aliada à vontade de fazer o melhor, fosse no tocante à preservação do meio ambiente, na recuperação da fauna atingida, na limpeza das praias, na instrução de pessoal/voluntários e até mesmo na logística de distribuição dos kits e materiais necessários ao longo de mais de três mil km de costa, dentre outras inúmeras frentes, deixou claro (para todos nós) que, mesmo na adversidade, as coisas podem caminhar, uns dias melhor, outros nem tanto, mas sempre para frente, com foco, determinação e, principalmente, com a convergência de esforços.

Atualmente, a senhora é Chefe do Departamento de Meio Ambiente para Zona Costeira e Águas Jurisdicionais Brasileiras, da DPC. Como foi o caminho traçado até chegar aqui?

Como mencionei anteriormente, acabei me dedicando mais a área de meio ambiente, servindo por longos anos na Diretoria de Portos e Costas. Quando tive oportunidade de fazer o mestrado, uma vez que já estava servindo na DPC, me candidatei ao mestrado em Engenharia Ambiental, na UERJ, o que me tornou ainda mais especializada na área de meio ambiente, tendo como foco o meio ambiente marinho.

Depois tive a oportunidade de me candidatar e ser selecionada para um programa da Organização das Nações Unidas, financiado pela Nippon Foundation, Human Resources Development and Advancement of the Legal Order of the World’s Oceans. Por fim, fiz o doutorado pelo Programa Ciência Sem Fronteiras/Marinha, na Universidade de Plymouth, em colaboração com o renomado laboratório Plymouth Marine, onde desenvolvi a minha tese. Vejo todas essas etapas convergindo para a função que desempenho hoje, na Superintendência de Meio Ambiente.

O que a senhora pode falar aos futuros oceanógrafos que ingressarão na Marinha do Brasil?

Que a Marinha é uma boa casa, onde a busca pela excelência e pelo profissionalismo estão presentes. Façam o seu melhor, sejam persistentes e acreditem na missão, aceitem os desafios, nem se frustrem frente aos obstáculos, pelo contrário, se fortaleçam e mergulhem profundamente na realização de suas tarefas.

O oceano foi o balão de ensaio, a origem da vida, sendo diretamente responsável pela sua manutenção. Se existe futuro, certamente ele está no mar! Sem esquecer que, com uma costa de cerca de 8 mil km, não falta “trabalho de campo” para os oceanógrafos! Por fim, usando os lemas dos hidrógrafos e da DPC, eu ainda diria: restará sempre muito o que fazer para manter nossos mares e rios seguros e limpos.

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