Em cenário de palestras e discussões, envolvendo profissionais internacionais com expertise na área de biossegurança e ligados aos principais laboratórios que operam em nível máximo de biocontenção em todo o mundo, foi realizado, entre 9 e 11 de março, o Seminário Internacional – Laboratório Nacional de Máxima Contenção Biológica (LNMCB).
O evento, conduzido de forma virtual, com transmissão ao vivo do Auditório do Ministério da Defesa, contou com representantes de vários ministérios do Governo Federal. Os participantes tiveram a oportunidade de conhecer mais profundamente questões estruturais, econômicas, políticas e técnicas relacionadas à construção e à implantação de um laboratório de Nível de Biossegurança 4 (NB4).
O seminário foi iniciativa do Grupo de Trabalho interministerial, que atua na elaboração da proposta de construção de um laboratório deste porte no Brasil, desde agosto de 2020. O Grupo terá que apresentar, até o fim deste ano, relatório final à Câmara de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDEN), para viabilizar o projeto, associado a uma Política Nacional de Biossegurança e Bioproteção.
Coordenado pela Secretaria de Pessoal, Ensino, Saúde e Desporto (SEPESD) da Defesa, o Grupo de Trabalho é composto por integrantes do Gabinete de Segurança Institucional, da Casa Civil, do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP); do Ministério das Relações Exteriores, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, do Ministério da Saúde, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, do Ministério do Meio Ambiente e do Ministério da Educação.
A cerimônia de abertura do evento contou com a presença de diversas autoridades, entre elas, o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcos Pontes, e o Secretário de Pessoal, Ensino, Saúde e Desporto do Ministério da Defesa, General Manoel Luiz Narvaz Pafiadache. Na ocasião, o Ministro ressaltou a necessidade da construção e operação de um Laboratório NB4 visando atender às necessidades do Governo Federal em prover estruturas estratégicas capazes de contribuir para o enfrentamento de situações de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional e Internacional, como, por exemplo, a pandemia da Covid-19.
“Precisamos implementar uma infraestrutura capaz de estudar, conter e oferecer ferramentas como tratamentos e vacinas para nossa população e para ajudar no esforço mundial de combate a essa ou outras pandemias que poderão surgir. Tenho certeza de que somos capazes de construir uma excelente instalação que possa trazer todos esses benefícios”, disse Marcos Pontes.
Durante o evento, foram ministradas 19 palestras por pesquisadores e professores dos Estados Unidos, França, Canadá, Suíça, Alemanha, Espanha e México. Os participantes atuam em laboratórios de Máxima Contenção Biológica ou contribuíram, de alguma forma, para a sua execução. Eles compartilharam suas experiências apontando os desafios, erros e acertos em vários setores e etapas do desenvolvimento de um NB4. Também participaram debatendo e respondendo a perguntas. O moderador foi o Professor Claudio Mafra, autor do livro “Pensando uma infraestrutura estratégica nacional: o laboratório NB-4 brasileiro”.
No decorrer de todo o seminário, houve troca de experiências e discussões sobre a importância do NB4 para a soberania nacional e para o enfrentamento de novas ameaças à saúde, e as oportunidades e os desafios no planejamento, na construção e na operação desse tipo de laboratório. Também foram destacadas as necessidades de certificação continuada, o conceito “One Health” (Saúde Única) em nível mundial, vivências de organização e governança, e tecnologias de construção já utilizadas com sucesso, entre outras.
De forma técnica, os palestrantes ratificaram, com suas experiências, a importância e os benefícios de um laboratório desse porte para toda uma nação e para o mundo, mas também ressaltaram tratar-se de um projeto estratégico complexo, que demanda tempo, investimentos a longo prazo e planejamento (técnico, científico, ambiental, estrutural etc) consistente, para o sucesso na sua execução.
“Uma boa capacidade de diagnóstico de doenças depende de programas sólidos de pesquisa científica”, disse Miguel Grimaldo, Diretor de Recursos Institucionais de Biocontenção, da Universidade do Texas, onde está o primeiro laboratório BSL-4 construído em um campus universitário.
Unanimidade entre os especialistas foi a necessidade do comprometimento rigoroso em todos os processos envolvidos na construção de um laboratório de contenção máxima, assim como de investimento em treinamentos de excelência e na construção de centros educacionais para, inclusive, desenvolver o interesse das gerações futuras em ciência.
O evento foi encerrado pelo Secretário da SEPESD, que agradeceu a presença de todos os participantes e ressaltou a relevância do seminário como uma poderosa ferramenta na compilação de informações e expertises. Estas servirão de embasamento para que o grupo interministerial que coordena possa fazer um estudo de viabilidade a altura do que o conselho de ministros e os decisores do executivo precisam para decidir sobre a construção do NB4 no País.
“Vamos propor a criação de um laboratório que não existe na América do Sul e que vai elevar o Brasil a outro patamar na área de biossegurança e biodefesa. Estamos no caminho certo, unidos em prol do Estado, na fronteira da ciência, aprendendo com os erros e os acertos daqueles que já participaram de um projeto como esse e buscando o melhor para o nosso País”, completou o General Pafiadache. As informações são do Ministério da Defesa.
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