Os chamados “boinas azuis” são os militares que participam de missões de paz da Organização das Nações Unidas (ONU). Desde a atuação para evitar confrontos entre Egito e Israel, a primeira missão de paz brasileira, em 1959, o Brasil, ao longo de mais de 60 anos, já enviou milhares de militares ao exterior, tendo atuado em dezenas de missões de paz. Nesse percurso, de acordo com a ONU, o papel das mulheres nas mediações, prevenções e soluções de conflitos tem se mostrado cada vez mais eficiente.
A primeira mulher da Força Aérea Brasileira (FAB) a servir como Staff Officer (do inglês, Oficial Administrativo) em uma missão de paz foi a Major Intendente Luanda dos Santos Bastos, quando a Oficial representou o Brasil na Missão das Nações Unidas no Sudão (UNAMID), de agosto de 2017 a agosto de 2018. Nesse país do norte da África, ela atuava no monitoramento e controle da operação militar na área da missão. “Na UNAMID, fiquei muito emotiva quando acompanhei uma comitiva na entrega de material escolar em uma escola carente para filhos de refugiados, onde as paredes e o teto eram de palha e não havia nada mais além de um quadro negro, medindo aproximadamente 1mx1m, nas salas de aula. Apesar de toda a simplicidade, percebemos que eles estavam muito ansiosos com a nossa chegada, pois colocaram suas melhores roupas e ensaiaram algumas canções para nos recepcionar. É claro que não consegui conter as lágrimas”, conta a Oficial.
Outro momento marcante foi quando a ONU autorizou o retorno de algumas famílias de refugiados, que estavam em Campos de Concentração, para suas cidades de origem. “Você vê as pessoas voltando para casa apenas com uma trouxa na cabeça, seus olhos agarrados nas suas roupas, mas com um ar de esperança nos olhos e força para recomeçar tudo de novo”, lembra.
Missão para 2021
Em 2021, na missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo, a MONUSCO, a Major Luanda reforça a participação feminina nos processos e na consolidação da paz. Neste ano, ela recebeu um novo desafio: atuará na República Democrática do Congo como Gender Adviser (do inglês, Conselheira de Gênero). “É uma função de bastante relevância para a ONU, por defender a igualdade de gênero e atuar na prevenção de abuso e violação sexual na área da Brigada de Força de Intervenção da MONUSCO, na cidade de Beni, área considerada mais tensa da missão”, explica. Segundo a Organização das Nações Unidas, os maiores contingentes de mulheres nas tropas estão na MONUSCO, e na Missão da ONU no Sudão do Sul, UNMISS. Lembrando que, atualmente, há 13 operações de paz da ONU no mundo.
A Major Luanda esclarece que as Forças Armadas não estão em missão de paz com o objetivo de erradicar a pobreza e acabar com a fome no local em conflito, como muitos pensam. “A finalidade é implantar, em conjunto com os demais componentes da missão e o governo do País, táticas operacionais que permitam eliminar os grupos armados que estão aterrorizando a população vulnerável daquela região e garantir a manutenção dessa paz”, destaca.
Segundo o Coronel Aviador Paulo Roberto de Carvalho Júnior, da Segunda Subchefia do Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER), a Força Aérea Brasileira a cada dia mais se destaca no cenário internacional como uma força altamente treinada e abnegada como pode-se constatar na atual presença feminina de Oficiais desdobradas nas missões no Saara Ocidental, Sudão do Sul e no Congo. “E este incremento evidencia o pleno atendimento na implementação da Agenda da ONU sobre Mulheres, Paz e Segurança, inaugurada em 2000, sob a égide da Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas nº 1.325, datada do mesmo ano. Assim, a excelência da FAB deve-se ao excepcional trabalho relevante das antecessoras e das atuais capacetes azuis, que dedicaram e dedicam suas carreiras, denotando competência, bravura e, principalmente, altruísmo, na atuação em resolução de conflitos internacionais, sob a égide das Nações Unidas”, finaliza. As informações são da FAB.
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