Em resposta à pandemia, o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), organização social do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), antecipou a abertura da primeira estação de pesquisa do Sirius para apoiar pesquisas relacionadas à Covid-19. Pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos, da USP, foram os primeiros usuários da maior e mais complexa infraestrutura científica do País.
Dois jovens pesquisadores do grupo de São Carlos chegaram ao CNPEM em 1º de setembro. Na bagagem, trouxeram mais de 200 cristais de proteínas do vírus SARS-CoV-2 para analisar na estação de pesquisa Manacá. Sirius vai ajudá-los a elucidar a estrutura molecular dessas proteínas, que são fundamentais para o ciclo de vida do vírus, além de permitir a identificação de moléculas que se ligam a essas proteínas e podem dar origem a novos medicamentos.
“Para buscarmos ligantes que podem se conectar às proteínas do vírus, inibindo a sua atividade, precisamos de uma fonte de luz síncrotron. Neste sentido, o Sirius passa a ser um “salto quântico” para a comunidade de cristalografia brasileira”, explica o coordenador da pesquisa, Prof. Glaucius Oliva, um dos pioneiros da área no Brasil.
Oliva está em São Carlos, assim como a maior parte de seu grupo. No Sirius, os pesquisadores André Godoy e Aline Nakamura são os responsáveis pelas coletas de dados. Embora a estação de pesquisa Manacá esteja na chamada fase de comissionamento científico, na qual experimentos são realizados para testar a infraestrutura, a possibilidade de fazer os experimentos no País empolga os pesquisadores.
“O Sirius superou minhas expectativas. Ter uma máquina dessas aqui e fazer análises dessa complexidade é uma conquista para o País. “O que você conseguia fazer em horas [no antigo acelerador de eletróns do CNPEM], agora você faz em minutos. Isso torna a técnica escalonável do ponto de vista de quantas amostras você consegue analisar, e permite fazer novas técnicas”, celebra André Godoy, pesquisador com dez anos de experiência em análises realizadas em fontes de luz síncrotrons espalhadas pelo mundo.