O desenvolvimento da Indústria Naval brasileira
As inovações e os desafios enfrentados pela Marinha do Brasil para garantir a soberania e a segurança das águas do País
A indústria naval brasileira tem se consolidado como um pilar estratégico para a defesa marítima do País, refletindo a importância do desenvolvimento tecnológico e da soberania na proteção das águas jurisdicionais. O Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, Comandante da Marinha do Brasil, compartilha sua visão sobre os avanços e desafios enfrentados pela Força Naval na evolução da indústria de defesa e segurança, destacando a importância da transferência de tecnologia e da parceria com a Base Industrial de Defesa e Segurança (BIDS).
Como o senhor avalia o desenvolvimento da indústria naval nacional em relação ao atendimento das necessidades de defesa marítima do País?
Almirante Olsen – A indústria naval brasileira tem evoluído satisfatoriamente ao longo dos anos, buscando acompanha as demandas estratégicas do País, particularmente relativas à defesa e à segurança marítima. Historicamente, em que pese à dependência de tecnologias estrangeiras e a imprevisibilidade orçamentária, que tem gerado prejuízos significativos, a Marinha do Brasil (MB), no cumprimento das suas atribuições constitucionais, tem planejado e organizado suas principais necessidades operacionais e de apoio em Programas Estratégicos.
O Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB) demonstra essa capacidade da MB de enfrentar os desafios impostos pela soberania e pela proteção das Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB), por meio de parcerias firmadas com estaleiros e empresas nacionais que fortalecem a base industrial de defesa e geram capacitação local. Entretanto, ainda há obstáculos a serem superados, refiro-me a uma maior integração tecnológica e inovação contínua, a fim de garantir a prontidão operacional adequada.
O Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz) e o Programa Fragatas Classe Tamandaré (PFCT) são outros exemplos de programas capazes de consolidar a capacidade de Defesa Naval do País. O SisGAAz tem avançado com a implementação de tecnologias de monitoramento e vigilância marítima, por intermédio de radares e câmeras de monitoramento, essenciais para a proteção e exploração sustentável da Amazônia Azul. O PFCT, por sua vez, envolve a construção, até 2029 , de quatro fragatas, que incorporam tecnologias avançadas e promovem a modernização da frota Naval. Além desses programas, a construção de Navios Patrulha, no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), tem sido fundamental para a vigilância e proteção das águas territoriais brasileiras. A gestão do ciclo de vida dos meios navais garante a manutenção e modernização contínua dos equipamentos, aumentando a eficiência operacional.
Nesse contexto, todos os meios estão sendo construídos em território nacional com participação intensa da indústria naval, seja em projeto e construção, ou mesmo no desenvolvimento e fornecimento de sistemas e equipamentos. Ainda existem itens para os quais não se atingiu maturidade tecnológica nacional ou mesmo não existe demanda em escala que fundamente investimentos, o que justifica as cooperações internacionais. Contudo, a busca por nacionalização e parcerias para produtos e serviços com a indústria nacional pelos diversos setores da Marinha é patente e notória.
É necessário entender que meios operativos possuem um longo ciclo de atividades, que usualmente ultrapassa os 30 anos, no qual 80% dos custos de posse estão concentrados na operação e manutenção, e somente 20% com o processo de aquisição/incorporação. Dessa forma, ainda que seja desejável e coerente ter uma indústria naval mobilizada para construção e gestão de projetos, investir nas etapas de manutenção e desfazimento de meios militares é, sem dúvida, algo atrativo e com perenidade de investimentos, devendo constituir objetivos da indústria nacional.
A Marinha, mesmo com as atuais adversidades orçamentárias, desenvolve uma parceria estratégica com a Base Industrial de Defesa e Segurança (BIDS), prioritariamente na indústria naval. Os programas estratégicos e a futura operação destes meios deverão injetar novos estímulos nessa relação, desde que exista previsibilidade orçamentária e planejamento plurianual em temas de defesa, com transbordamentos nos campos tecnológico, econômico e social.
Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), o Brasil provisionou nos últimos dez anos, em média, o correspondente a 1,32% em Defesa, o que tem se mostrado insuficiente, além de incoerente com o cenário geopolítico atual. Urge, portanto, estudar e adotar ações que permitam a elevação gradual do orçamento da Defesa o que é determinante para que as Forças Armadas atinjam capacidade operacional compatível com suas atribuições constitucionais.
Oportuno destacar que a promoção de políticas públicas, o financiamento adequado e os incentivos ao desenvolvimento de tecnologias locais são essenciais para consolidar a indústria naval como um componente estratégico e autossuficiente do Poder Marítimo do Brasil.
Quais são os principais programas e projetos navais em colaboração com estaleiros e empresas brasileiras que estão fortalecendo a capacidade operacional da Marinha?
Almirante Olsen – Em todos os programas estratégicos da Marinha do Brasil existem participações, em diferentes graus de colaboração, com estaleiros e empresas nacionais.
No que se refere ao PROSUB, foram construídos uma base naval e um estaleiro, em que pese à participação decisiva da indústria naval brasileira no processo construtivo, foi parte das premissas do projeto incluir a nacionalização e as capacitações nacionais, além da transferência de tecnologia em diversas áreas. No momento, dois submarinos já estão operacionais (Submarinos Riachuelo e Humaitá) e outros dois estão em construção. Existe, ainda, grande participação de empresas brasileiras na nacionalização de sobressalentes e na execução de atividades de manutenção da plataforma e do sistema de combate. Convém ressaltar também que, superado o atual cenário orçamentário, é esperado que a construção do Submarino Nuclear Convencionalmente Armado contribua sobremaneira para o desenvolvimento socioeconômico do País ao fomentar a indústria naval, fortalecer a economia e gerar emprego e renda.
No âmbito do PFCT, em execução na thyssenkrupp Estaleiro Brasil Sul (tkEBS), em Itajaí (SC), as novas fragatas estão sendo desenvolvidas por uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) com a participação de duas empresas nacionais (EMBRAER e Atech) e um estaleiro brasileiro com crescente percentual de nacionalização dos sistemas e equipamentos. O estaleiro adquirido pela SPE terá condições, após as entregas previstas, de construir novos meios militares para países parceiros, ou mesmo incluir em seu portfólio a construção de meios dedicados à indústria de Óleo e Gás, em face de adotar modernas e eficientes técnicas construtivas. Da mesma forma, a partir de 2026, a Fragata “Tamandaré”, primeira Fragata da classe, começará a demandar sobressalentes e serviços para sua manutenção e operação, oferecendo oportunidades ao mercado nacional.
Ainda dentro dos programas e dos projetos estratégicos, o Programa de Obtenção de Navios-Patrulha (PRONAPA) está avançando com a construção do Navio-Patrulha (NPa) “Mangaratiba” (P73) e do NPa “Miramar” (P74), no AMRJ, e agregará, em breve, o projeto do Navio-Patrulha brasileiro de 500 toneladas (NPa-500BR) que, a partir do investimento do novo PAC, pretende construir 11 navios em estaleiros nacionais. Já o Navio Polar (NPo) “Almirante Saldanha”, que está em construção no Estaleiro Jurong Aracruz (ES), substituirá o Navio de Apoio Oceanográfico “Ary Rongel” e atenderá à Estação Antártica Comandante Ferraz. A construção do NPo garante a continuidade do desenvolvimento de pesquisas diversificadas e da presença do Brasil no continente gelado, por meio do Programa Antártico Brasileiro.
A MB também tem buscado o fortalecimento de sua capacidade operacional. Neste âmbito, o desenvolvimento do Míssil Antinavio Nacional de Superfície (MANSUP) e do Míssil Superfície-Superfície 1.2 Anticarro (MSS 1.2 AC) são fundamentais para o fortalecimento do setor de Defesa e a ampliação da soberania tecnológica do País. O MANSUP conta, desde o seu início, com a participação de empresas da BIDS, como a SIATT, empresa integradora para as fases de qualificação e produção, a empresa OMNISYS, responsável pelo desenvolvimento do radar autodiretor, e a Fundação EZUTE, contratada para o gerenciamento complementar do desenvolvimento. A previsão é a de que o MANSUP possa equipar os navios da MB a partir de 2026, especificamente as FCT.
Em relação ao MSS 1.2 AC, a Marinha, em conjunto com o Exército Brasileiro e a empresa SIATT, participou do desenvolvimento e apoio nos testes do projeto, que é um sistema de míssil portátil com guiamento por feixe laser do tipo beam-rider e que poderá ser equipado, futuramente, com visão noturna por infravermelho. O referido sistema é considerado um marco no desenvolvimento nacional de projetos de sistemas de alto conteúdo tecnológico. O resultado satisfatório do projeto amplia a capacidade operacional de defesa da MB, bem como a sinergia em atividades técnicas, de pesquisa e de desenvolvimento entre as Forças Armadas.
O SisGAAz, por sua vez, está avançando com a instalação de radares e câmeras de monitoramento na Baía de Guanabara e em Itaguaí, além de um sistema de vigilância costeira na Ilha Grande. Este sistema é fundamental para a proteção dos recursos marítimos e a segurança das operações navais.
Além desses projetos, a Marinha também realiza, sistematicamente, a manutenção e modernização de suas unidades atuais, por meio de um Programa de Manutenção Planejada. Essas ações são essenciais para garantir a prontidão operacional e a longevidade dos meios navais. A gestão do ciclo de vida dos meios navais garante a manutenção, a modernização e a eficiência operacional contínua das embarcações. Sendo assim, esses programas combinam esforços para modernizar a frota e desenvolver novas capacidades navais, essenciais para a defesa estratégica do Brasil, além de fomentar o desenvolvimento da indústria naval e promover a geração de empregos qualificados.
Como a Marinha do Brasil tem incentivado a transferência de tecnologia e o desenvolvimento de competências e capacidades na indústria nacional?
Almirante Olsen – A MB tem adotado uma política ativa de incentivo à transferência de tecnologia, com foco no fortalecimento da BIDS. Os contratos firmados no âmbito de programas como PROSUB, PFCT e do NPo incluem cláusulas específicas para garantir que o conhecimento seja transferido para empresas e profissionais brasileiros.
Cooperações na área de Defesa permitem a obtenção de know-how tecnológico e conhecimentos específicos, cujo desenvolvimento demandaria tempo considerável e vultosos investimentos. As parcerias celebradas pela MB representam, ainda, oportunidades de capacitação técnica dos profissionais envolvidos, fundamentais para a execução e continuidade de projetos estratégicos no longo prazo.
Nesse contexto, o PFCT conecta a indústria nacional à fronteira do conhecimento, promovendo a transferência de tecnologia e criando empregos. O programa também tem agregado grande valor à capacitação profissional, principalmente no desenvolvimento do sistema de combate dos navios, que, caso não seja dominado, gera dependência e vinculação indesejáveis com o fabricante. A opção da MB em ter uma empresa nacional conduzindo essa integração e a transferência de conhecimento e tecnologia ratifica a postura da Força em fortalecer a BIDS.
Dessa forma, os programas estratégicos da Marinha possuem, em distintos graus, a transferência de tecnologia. O PROSUB e o Programa Nuclear da Marinha (PNM) são exemplos do arrasto tecnológico possível para a indústria naval, principalmente o PNM, que avançará sobre a produção de radiofármacos.
Outro exemplo é o SisGAAz, que, ao integrar tecnologias de monitoramento, beneficia a a indústria nacional ao abarcar setores como o da exploração de hidrocarbonetos, o da energia offshore e o do turismo sustentável.
Além disso, a construção do NPo “Almirante Saldanha” e os projetos do PRONAPA incentivam a inovação tecnológica e a criação de novas oportunidades de negócios ao garantir a autonomia e o fortalecimento da indústria de defesa nacional. Esses esforços conjuntos consolidam a Marinha como um agente fundamental no desenvolvimento industrial e tecnológico do Brasil.
É necessário frisar que a transferência de conhecimento e de tecnologia não são, em si só, processos finalísticos, pois é preciso internalizar tal aprendizagem e experiência. Neste contexto, a criação de planos de gestão do conhecimento é fundamental e seu gerenciamento é tão importante quanto o próprio conhecimento. Assim, as empresas nacionais usufruem e poderão, após o domínio de tal tecnologia, transbordar seu diferencial para diversos produtos e serviços em mercado dual.
Quais são as iniciativas de sustentabilidade ambiental e inovação tecnológica que estão sendo promovidas pela Marinha do Brasil em conjunto com a indústria nacional?
Almirante Olsen – A MB está comprometida com a sustentabilidade ambiental em todas as suas operações. Nesse sentido, a Força tem implementado diversas iniciativas a fim de minimizar o impacto das atividades e operações navais em atendimento às normas de preservação sem prejudicar o cumprimento da respectiva missão constitucional. Entre as ações, destacam-se o desenvolvimento de embarcações com sistemas de propulsão mais eficientes e menos poluentes e a adoção de tecnologias voltadas à redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE). A Marinha também tem investido em práticas de gestão de resíduos sólidos e no tratamento de efluentes a bordo de suas embarcações, promovendo uma operação naval mais alinhada aos padrões internacionais de sustentabilidade.
No âmbito dos Programas Estratégicos, cita-se o PFCT, que inclui estudos para o uso de combustíveis verdes mais eficientes e econômicos nos sistemas propulsivos das novas fragatas, como o biodiesel, visando à descarbonização e à redução de GEE. Este esforço promove a sustentabilidade nas operações navais e objetiva mitigar quaisquer tipos de danos ambientais que possam ser gerados por unidades da Marinha. Cabe ressaltar que os meios navais já utilizavam combustível altamente refinado, o que naturalmente reduz impactos ecológicos. Contudo, a Força tem trabalhado de modo a minimizar, cada vez mais, os efeitos de suas operações na natureza. Outra iniciativa que vem sendo adotada é a redução do consumo de energia elétrica em organizações industriais, que são tradicionalmente grandes consumidores, permitindo economia orçamentária ao promover um melhor dimensionamento do consumo elétrico nos períodos de pico e contribuir para a redução de consumo e eventuais acionamentos de estações de geração de energia baseadas em combustíveis fósseis.
No PRONAPA, a construção dos navios-patrulha também segue práticas sustentáveis. É pertinente citar a gestão eficiente de resíduos recicláveis em bases e estações navais. Os materiais recicláveis são separados a bordo e entregues às cooperativas de catadores, promovendo a economia circular e a destinação adequada de resíduos.
No tocante ao SisGAAz, são implementadas tecnologias avançadas de monitoramento e controle que auxiliam na preservação ambiental e na segurança marítima, assim como contribuem para a detecção de ameaças e poluentes, proporcionando uma resposta rápida e crucial para a proteção das AJB.
Outro aspecto a ser considerado é o aperfeiçoamento da gestão de ciclo de vida dos meios, desde a construção até o desfazimento dos ativos de defesa, que engloba ações como a realização de um inventário de materiais contaminantes e o descarte responsável de componentes, evitando qualquer contaminação no solo ou na água. Tais medidas são compatíveis com o grau de comprometimento ambiental a que a Marinha se propõe.
Além da atenção ao meio ambiente, a MB e a indústria nacional estão colaborando em projetos de inovação tecnológica que buscam modernizar a frota naval e aumentar a eficiência operacional. Um exemplo é o desenvolvimento de veículos autônomos e sistemas de Inteligência Artificial (IA) aplicados à navegação e ao monitoramento de áreas marítimas. Essas inovações têm se mostrado salutares para o aprimoramento do desempenho operacional, bem como para a otimização do consumo de combustível, o que leva à redução da necessidade de manutenção intensiva. A parceria com a BIDS tem sido fundamental para garantir que essas tecnologias sejam desenvolvidas localmente, promovendo a independência tecnológica e o crescimento sustentável da indústria nacional.
Como a Marinha do Brasil está incorporando tecnologias emergentes, como inteligência artificial e segurança cibernética, em suas operações navais, e quais são os principais benefícios esperados dessas inovações?
Almirante Olsen – A MB está incorporando tais tecnologias com o propósito de aumentar a eficácia, segurança e eficiência das operações navais. A implementação de ferramentas como a IA e a segurança cibernética está no centro da estratégia de modernização da Força e seguem as diretrizes preconizadas em documentos de alto nível, como a Estratégia Nacional de Defesa (END), o Portfólio de Projetos Estratégicos de Defesa (PPED), o Plano Estratégico da Marinha 2040 (PEM-2040) e o Portfólio Estratégico da Marinha.
Nesse contexto, a IA está sendo desenvolvida e aplicada em diversos setores, com foco na otimização de processos, apoio à tomada de decisões e aumento da eficiência operacional. Por meio da análise de grandes volumes de dados, a IA poderá auxiliar em áreas cruciais como inteligência operacional, cibernética, gestão de manutenção, logística e até no desenvolvimento de veículos autônomos, aprimorando o monitoramento do tráfego marítimo e as operações de salvamento. Dentro deste escopo, a Diretoria de Engenharia Naval (DEN) vem trabalhando na coleta de dados de campo para o desenvolvimento de modelos preditivos no âmbito do Gerenciamento de Integridade Estrutural (GIE), que, futuramente, deverá ser integrado à IA. A Governança de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) da Marinha coordena e prioriza o desenvolvimento dessas soluções a fim de garantir o uso seguro e ético da IA.
No que concerne à segurança cibernética, a Marinha tem adotado medidas para garantir a segurança das operações em um ambiente digital cada vez mais desafiador. A expectativa é que a adoção dessas inovações promova maior autonomia nas operações, rapidez na tomada de decisões complexas e independência tecnológica; fatores que potencializam a capacidade de resposta. Espera-se também que essas medidas gerem economia ao possibilitar a redução de custos e a otimização de recursos por meio da implantação de soluções tecnológicas aliadas à proteção de infraestruturas críticas.
Outra linha de ação é o investimento na capacitação de pessoal, que tem sido reforçada por simuladores e tecnologias de realidade aumentada, como o Simulador de Orientação de Aeronaves (SOA), que utiliza IA para aprimorar o treinamento dos militares. Também está prevista a criação de uma área de conhecimento específica para IA e segurança cibernética com o objetivo de subsidiar a formação contínua de especialistas, além de priorizar o uso de tecnologias desenvolvidas pela BIDS, o que fortalece o ciclo de vida dos sistemas e a soberania tecnológica.
Esses avanços estão sendo integrados em diversos programas estratégicos, incluindo SisGAAz, PFCT e PRONAPA. No SisGAAz, a IA é utilizada para processar grandes volumes de dados em tempo real, por meio da análise comportamental do tráfego de dados, tanto interno quanto externo ao Espaço Cibernético (E-Ciber) da MB, otimizando a consciência situacional marítima e a detecção de comportamentos anômalos. As Fragatas Classe Tamandaré e os Navios-Patrulha também incorporam sistemas autônomos e veículos não tripulados, que aumentam a eficiência das operações e reduzem riscos para os operadores.
Convém enfatizar que a gestão do ciclo de vida dos meios navais, beneficiada por tecnologias emergentes, permite um planejamento mais preciso e uma manutenção preventiva mais eficaz. A segurança cibernética é reforçada para proteger dados sensíveis e garantir a integridade dos sistemas de combate, enquanto a fusão de dados de múltiplas fontes ajuda a detectar atividades suspeitas e ameaças potenciais com maior precisão, proporcionando uma defesa proativa e adaptada às ameaças digitais atuais.
A adoção cuidadosa e responsável dessas tecnologias fortalece a defesa nacional e potencializa a agilidade das operações militares, garantindo uma Marinha mais moderna e preparada para os desafios futuros.
Como a Mostra BID Brasil contribui para o fortalecimento da colaboração entre a Marinha e indústria nacional? Quais expectativas o senhor tem para a participação da Marinha na oitava edição do evento?
A Mostra BID Brasil é fundamental para fortalecer a colaboração entre a MB, a indústria nacional e a própria BIDS, ao reunir os principais atores do mercado de defesa e segurança em um ambiente que facilita a criação de sinergias e fomenta parcerias estratégicas entre os setores público e privado. A participação da Marinha na oitava edição do evento é uma oportunidade para apresentar avanços e estreitar laços com a indústria, especialmente em áreas de inovação e desenvolvimento tecnológico.
Certamente, a Mostra BID Brasil também oferece uma plataforma valiosa para os centros tecnológicos e as instituições científicas e de inovação das Forças Armadas interagirem com a indústria de defesa, oportunizando parcerias estratégicas que aceleram a inovação e tragam resultados mais rápidos. A expectativa é que a participação da MB no evento estimule a utilização de tecnologias nacionais, tendo por foco o aumento da independência tecnológica e a otimização de recursos, além de contribuir para o fortalecimento da capacidade operacional da Marinha frente aos desafios atinentes ao cumprimento das suas atribuições constitucionais.