Eventos na cidade portuária de Walvis Bay relembram os 30 anos do Acordo de Cooperação Naval Brasil-Namíbia
Todos os anos, navios da Marinha do Brasil participam de missões e exercícios em águas estrangeiras, principalmente, no Atlântico Sul, onde o País se dedica a promover uma zona de paz e cooperação que contribua para o uso pacífico e profícuo do mar por parte das nações da região.
Em 23 de setembro, a Fragata “Defensora” partiu da Base Naval do Rio de Janeiro para mais uma dessas missões. Na África do Sul, representou o Brasil no exercício multinacional “IBSAMAR VIII”. Mas antes da “volta à nossa Pátria do coração”, o navio teria, ainda, uma nova tarefa a cumprir: escrever mais uma página na história das relações entre duas nações unidas pelo oceano.
Visita histórica
Atracada, pela primeira vez, na cidade namibiana de Walvis Bay, a Fragata “Defensora” repetiu, entre os dias 22 e 26 de outubro, a histórica visita de sua irmã mais velha, a Fragata “Niterói”, 30 anos antes, àquele mesmo porto.
A Namíbia conquistou sua independência da África do Sul em 1990, mas sua principal cidade portuária, Walvis Bay, só foi reintegrada à sua soberania em 28 de fevereiro de 1994. Dois dias depois, em um gesto de amizade ao jovem país, a fragata brasileira “Niterói” foi o primeiro navio militar a atracar no Porto de Walvis Bay sob a nova jurisdição. A visita demonstrava o comprometimento do Brasil com o apoio que vinha prestando à consolidação da Namíbia independente, um país também dotado de um rico litoral e que precisava de uma força naval para protegê-lo.
Foi durante a estadia da Fragata “Niterói” em Walvis Bay, que foi assinado, em 4 de março de 1994, o Acordo de Cooperação Naval Brasil-Namíbia, que previa o apoio brasileiro na criação, desenvolvimento e consolidação da Marinha da Namíbia e viria a se tornar um modelo de atuação conjunta na promoção da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul.
Dado o simbolismo da presença de uma Fragata brasileira em Walvis Bay no ano de 2024, as Marinhas do Brasil e da Namíbia decidiram realizar as comemorações do 30º aniversário do Acordo de Cooperação Naval, durante esta primeira visita da “Defensora” à Namíbia.
Memorial à cooperação
Na manhã do dia 25 de outubro, a nova placa do memorial ao levantamento hidrográfico do porto de Walvis Bay foi descerrada pela Embaixadora do Brasil na Namíbia, Vivian Loss Sanmartin; pela Vice-Ministra da Defesa da Namíbia, Hilda Ndinelago Nicanor; pelo Comandante da Marinha da Namíbia, Contra-Almirante Alweendo Amungulu; pelo Adido de Defesa, Naval, do Exército e Aeronáutico na Namíbia, Capitão de Mar e Guerra Rogerio Machado; e pelo Prefeito de Walvis Bay, Trevino Forbes.
O memorial instalado na principal praça de Walvis Bay simboliza a gratidão da cidade e da Namíbia à Marinha do Brasil (MB), pelo trabalho realizado pelo Navio Hidrográfico (NHi) “Sirius”, que, entre abril e junho de 1997, fez o levantamento hidrográfico que possibilitou a confecção, pela Diretoria de Hidrografia e Navegação da MB, das cartas náuticas de aproximação e do porto de Walvis Bay. Durante a cerimônia, a MB doou à Prefeitura de Walvis Bay um quadro emoldurando ambas as cartas náuticas. A antiga placa do memorial também foi doada ao museu da cidade.
Esse levantamento hidrográfico é um dos marcos do Acordo de Cooperação Brasil-Namíbia, cujo 30º aniversário também foi objeto de celebração na cerimônia do dia 25. “Ao comemorar as três décadas do Acordo de Cooperação Naval entre Namíbia e Brasil, gostaria de destacar um aspecto vital da nossa parceria. Nosso oceano nos conecta e serve como uma plataforma de colaboração que transcende fronteiras. O Brasil, com sua rica herança marítima, e a Namíbia, com sua estratégica posição costeira, têm muito a ganhar trabalhando juntos”, enfatizou, em seu pronunciamento, a Vice-Ministra da Defesa da Namíbia.
Outros eventos
Além da reinauguração do memorial, outros eventos marcaram as comemorações dos 30 anos do Acordo de Cooperação Naval Brasil-Namíbia. À noite daquele mesmo dia, as autoridades e membros da comunidade, presentes ao descerramento, foram recebidos a bordo da Fragata “Defensora”, onde acompanharam o tradicional cerimonial diário de arriamento da bandeira do Brasil ao pôr do sol e o lançamento da série de selos postais comemorativos dos 30 anos do Acordo de Cooperação Naval.
No dia anterior, 24 de outubro, a Fragata “Defensora” foi aberta à visitação pública e desembarcou a imagem da Padroeira do Brasil, doada à Marinha pelo Santuário de Nossa Senhora Aparecida. De carreata, a imagem foi transportada até a Igreja Stella Maris, onde uma missa foi realizada para a sua entronização. Ao final da celebração, o Comandante da Fragata “Defensora” Capitão de Fragata Gustavo Almeida Matos, leu uma carta do Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, dirigida ao Adido de Defesa, Naval, do Exército e Aeronáutico na Namíbia; aos brasileiros em missão em Walvis Bay; e à Paróquia Stella Maris. “Em meio às responsabilidades e desafios do vosso serviço, sei que a presença de Maria Santíssima é um sinal de graça e de proteção para cada um de vocês e para o povo que acolhe essa imagem” destacou o Cardeal em sua mensagem.
Na manhã do dia 26 de outubro, o comandante e tripulantes do navio Capitânia da Marinha da Namíbia, o NS “Elephant”, que nos dias anteriores participou de exercícios com a Fragata brasileira, reuniram-se no cais do porto de Walvis Bay. Juntaram-se, na ocasião, ao Adido de Defesa, Naval, do Exército e Aeronáutico e aos integrantes da Missão de Assessoria Naval e do Grupo de Assessoramento Técnico do Corpo de Fuzileiros Navais na Namíbia, para se despedirem da “Defensora”, que, tendo cumprido sua missão histórica, desatracou para cruzar o Atlântico de volta ao Brasil.
foto de capa* : SO-FN-ES Hilton
As informações são da Agência Marinha de Notícias.