Nesta entrevista, o Secretário de Produtos de Defesa (SEPROD), Tenente-Brigadeiro do Ar Heraldo Luiz Rodrigues, fala sobre o papel estratégico da instituição no fortalecimento da Base Industrial de Defesa. Ele aborda os desafios enfrentados pela indústria, como a dependência de tecnologias estrangeiras e questões burocráticas, e destaca como a Mostra BID Brasil contribui para a promoção internacional e o fomento de parcerias estratégicas para o setor.
Mostra BID: Fale um pouco sobre a atuação da SEPROD?
Heraldo: É difícil falar pouco sobre a atuação da Secretaria de Produtos de Defesa (SEPROD) face à diversidade de áreas de atuação e de atividades que são desenvolvidas. Ainda assim, vou tentar expressar em poucas palavras as principais ações que fazem parte do nosso cotidiano. Atuamos como o principal órgão coordenador das políticas e estratégias voltadas ao fortalecimento da Base Industrial de Defesa (BID) no Brasil. Seu objetivo central é promover o desenvolvimento e a competitividade dos produtos de Defesa brasileiros tanto no mercado interno quanto internacional, além de garantir a autonomia tecnológica do país em áreas estratégicas para a Segurança Nacional.
A SEPROD tem papel fundamental em articular a BID com outras esferas do governo, forças armadas e o setor privado, facilitando o diálogo e a cooperação em projetos de inovação, pesquisa e desenvolvimento.
Além disso, a SEPROD lidera iniciativas de vendas para o mercado internacional, com a participação em feiras internacionais, missões empresariais e a assinatura de Memorandos de Entendimento (MoUs) com países estratégicos. Essas ações promovem não só a exportação de Produtos de Defesa, mas também a transferência de tecnologia e o desenvolvimento de projetos binacionais, ampliando o acesso a novos mercados e fortalecendo as capacidades da indústria nacional.
Em resumo, a SEPROD desempenha papel essencial para garantir que o Brasil seja competitivo globalmente no setor de Defesa, promovendo o desenvolvimento de tecnologia de ponta, estimulando a geração de empregos e contribuindo para a segurança nacional.
Mostra BID: Quais são os principais desafios enfrentados pela indústria brasileira de defesa e segurança?
Heraldo: Os principais desafios enfrentados pela indústria brasileira de Defesa incluem:
– Dependência de Importação de Tecnologias: Apesar dos avanços da BID, o Brasil ainda depende de tecnologias estrangeiras para certos componentes estratégicos, o que limita a autonomia e aumenta os custos de produção.
– Burocracia e Regulação: O setor de Defesa enfrenta desafios regulatórios e burocráticos, que dificultam a agilidade no desenvolvimento e comercialização de produtos. As empresas brasileiras precisam lidar com processos complexos de certificação e licenciamento, tanto no mercado interno quanto para exportações.
– Financiamento e Investimentos: Há uma necessidade de maior acesso a financiamento específico para o setor de Defesa, especialmente para pequenas e médias empresas. Embora o Regime Especial Tributário para a Indústria de Defesa (RETID) e iniciativas como a Fintech Defesa sejam importantes, ainda há limitações no acesso a recursos para pesquisa e desenvolvimento.
– Competitividade Internacional: A indústria brasileira de Defesa compete com grandes atores globais que possuem vantagens tecnológicas e econômicas. Para aumentar a competitividade, o Brasil deve continuar investindo em inovação e firmando parcerias internacionais que permitam a transferência de tecnologia e o desenvolvimento conjunto de novos produtos.
– Infraestrutura e Cadeia de Suprimentos: Em algumas áreas, a infraestrutura industrial ainda não é totalmente adequada para atender às demandas de um mercado globalizado. Isso inclui questões relacionadas à logística, manutenção e suporte técnico, que afetam a capacidade das empresas de Defesa de expandirem suas operações no exterior.
– Arcabouço Fiscal: As mudanças nas políticas fiscais e de incentivos representam um risco para a BID, dificultando o planejamento de longo prazo e a continuidade dos investimentos necessários para garantir inovação e competitividade.
Superar esses desafios exige esforços coordenados entre governo, empresas e parceiros internacionais, com foco na inovação, expansão do financiamento, simplificação burocrática e fortalecimento da infraestrutura industrial.
Mostra BID: Na sua opinião, de que forma a Mostra BID pode contribuir com a BIDS (Base Industrial de Defesa e Segurança)?
Heraldo: A Mostra BID Brasil desempenha um papel fundamental no fortalecimento da Base Industrial de Defesa ao proporcionar uma plataforma estratégica para a promoção e visibilidade das empresas do setor de Defesa e Segurança brasileiras. Sua contribuição ocorre de várias maneiras:
– Exposição de Produtos e Tecnologias: A Mostra BID Brasil permite que as empresas apresentem suas soluções tecnológicas e inovações para um público qualificado, incluindo autoridades governamentais, militares, compradores internacionais e potenciais investidores. Isso gera oportunidades de negócios e amplia a projeção internacional dos produtos brasileiros.
– Fomento de Parcerias e Cooperação Internacional: O evento promove a interação entre empresas brasileiras e estrangeiras, facilitando a formação de parcerias estratégicas, acordos de transferência de tecnologia e projetos de desenvolvimento conjunto. Essas parcerias são essenciais para aumentar a competitividade internacional da BID e promover a inovação.
– Incentivo às Exportações: A Mostra BID Brasil também funciona como uma vitrine para o mercado externo, atraindo delegações internacionais interessadas em adquirir produtos de Defesa brasileiros. O evento contribui diretamente para o incremento das exportações, promovendo o acesso a novos mercados.