Na mesma velocidade que avançam as novas tecnologias, surgem as tentativas de ataques cibernéticos aos bancos de dados das mais distintas Organizações, sejam elas públicas ou privadas. Na Força Aérea Brasileira (FAB), a Defesa Cibernética, uma das ações previstas em sua Doutrina Aeroespacial, trabalha a necessidade tática de proteger todo o sistema, antecipando-se aos possíveis ataques dos hackers.
O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) se preocupa em desenvolver suas capacidades cibernéticas, a fim de viabilizar o cumprimento de sua missão. Esse desenvolvimento tem como principal desafio a grande complexidade e variedade de serviços críticos que devem ser protegidos contra as ameaças, o que exige constante capacitação e pessoal especializado em sua área de atuação.
Um desses importantes avanços é o MISP – Malware Information Sharing Platform –, plataforma de software livre para compartilhamento de dados de inteligência de ameaçascibernéticas, implantado pelo DECEA, representando um marco significativo na colaboração global para garantir a segurança e a integridade dos dados nas comunicações dos serviços de navegação aérea.
Os indicadores e os alertas de ameaças recebidos através do MISP são processados para criar listas de bloqueio e regras de firewall. Esses indicadores oferecem insights cruciais sobre potenciais ameaças à segurança, possibilitando a proteção proativa de redes e sistemas. As regras para cada ameaça são baseadas em seu nível de risco, que é continuamente atualizado com indicadores do software.
O DECEA utiliza a plataforma para compartilhamento de informações de ameaças cibernéticas entre a Petrobras, a Agência Nacional de Telecomunicações e a Federação Brasileira de Bancos.
Benefícios
Essa iniciativa estabeleceu uma relação de confiança com a Petrobras, com benefícios comprovados ao longo dos últimos três anos. Com essa expertise, o DECEA poderá colaborar com a Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), fortalecendo a segurança cibernética no setor aéreo sul-americano.
O MISP auxilia a atividade de receber e/ou notificar qualquer evento adverso, confirmado ou sob suspeita, relacionado à segurança dos sistemas de computação ou das redes de computadores, contribuindo para a segurança da informação no SISCEAB.
A possibilidade de customização da plataforma MISP também representa importante benefício. “Foram criados modelos para o compartilhamento de informações de ameaças detectadas pela FAB com as organizações externas com as quais colaboramos. Atuamos de forma integrada com outras agências, na realização das ações de proteção cibernética, que é a atividade defensiva para neutralizar ações suspeitas e explorações realizadas contra as Forças”, destaca o Chefe do Centro Operacional Integrado, Capitão Engenheiro Pedro Henrique Morsch Mazzoni.
Reconhecimento Internacional
A prática de troca de informações de segurança cibernética está em perfeito alinhamento com a Política Nacional de Cibersegurança do Brasil, que estabelece como um de seus princípios a cooperação técnica internacional na área de segurança. O compartilhamento das informações também é um dos pilares estabelecidos pela OACI em seu Plano de Ação de Cibersegurança, com o objetivo de permitir a conscientização situacional cibernética, possibilitando a prevenção, a detecção precoce e a mitigação de ameaças à aviação.
Segundo o Chefe do Subdepartamento Técnico do DECEA, Brigadeiro Engenheiro André Eduardo Jansen, com a participação ativa nas discussões e deliberações da OACI, o Brasil pode influenciar a formulação de políticas e regulamentos que atendam às suas necessidades específicas, fortalecendo sua capacidade de defesa cibernética no setor da aviação.
“Propor a discussão da implantação da plataforma MISP na Região SAM demonstra o compromisso do País com a segurança cibernética regional e global da aviação, contribuindo para a construção de um ambiente aéreo mais seguro e resiliente. Portanto, a presença da delegação brasileira em eventos de promoção da segurança cibernética nos fóruns da OACI é crucial não apenas para a proteção dos interesses nacionais, mas também para o fortalecimento desta na Aviação Civil, promovendo um intercâmbio contínuo de informações e a implementação de medidas preventivas e reativas eficazes”, afirma o Oficial-General.
As informações são da Assessoria de Comunicação ASCOM DECEA.