Evento debateu os 40 anos de pesquisa brasileira na Antártica e investimentos do ministério no setor
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) esteve presente no Simpósio APECS-Brasil 2024: 40 Anos do Brasil na Antártica, organizado pelo Comitê Nacional Brasileiro da Associação de Pesquisadores Polares em Início de Carreira (APECS-Brasil) juntamente com a Escola Superior de Defesa (ESD), entre os dias 17 e 19 de julho, no auditório da ESD, em Brasília.
Os representantes do MCTI foram o diretor do Departamento de Programas Temáticos, Leandro Pedron, e a coordenadora-geral de Ciências para Oceano e Antártica, Andrea Cruz. Ambos participaram de mesas-redondas durante o simpósio.
A coordenadora Andrea Cruz participou da mesa-redonda “Resultados das pesquisas na Antártica e as perspectivas para a próxima década”, no dia 19. Andrea falou sobre a evolução e a maturidade do Programa Antártico Brasileiro no escopo da pesquisa científica. “Estamos no segundo Plano Decenal para a Ciência Antártica. O primeiro foi lançado em 2013 e o segundo em 2023. Eles foram elaborados pelo CONAPA (Comitê Nacional de Pesquisas Antártica), que é instituído por decreto e conta com a participação de pesquisadores especialistas em distintas áreas da ciência polar. Esse plano norteia a ciência polar nacional e é a base para definir as linhas científicas das chamadas públicas que contratam os projetos que fazem parte do Programa Antártico Brasileiro”, explicou.
A mesa-redonda colocou em discussão o tema de como as pesquisas no continente Antártico impactam a sociedade brasileira. “Principalmente em relação às questões de mudanças climáticas, as questões meteorológicas na Antártica impactam diretamente todo o nosso continente, especialmente o Brasil, como na produção agrícola, por exemplo”, esclareceu.
Também foi abordado o tema da biodiversidade para a produção de medicamentos. “Isso porque os organismos antárticos podem ser potenciais para bioativos na indústria farmacêutica”, comentou.
Por fim, a coordenadora também pontuou que os resultados das pesquisas na Antártica são fundamentais para orientar as ações globais de mitigação das mudanças climáticas e a conservação da biodiversidade. “E o Ministério, como responsável pela gestão científica dessas atividades, está engajado e ciente da sua responsabilidade nessa promoção da pesquisa científica”.
“Os resultados dessas pesquisas no continente antártico são primordiais para compreendermos a questão climática como um todo. E também a conservação da biodiversidade. E esses dados científicos, eles são fundamentais para a tomada de decisão políticas relacionadas ao meio ambiente e a conservação do continente antártico”, completou Andrea.
Evolução das pesquisas científicas
O diretor do departamento de Programas Temáticos, Leandro Pedron, esteve presente no seminário, no dia 18 de julho, e participou da mesa-redonda “Adesão do Brasil ao Tratado da Antártica”, com participação do (MCTI), Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (SECIRM) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Pedron focou a evolução da atuação científica que aconteceu nessas últimas quatro décadas com o PROANTAR (Programa Antártico Brasileiro) e apontou que a maioria dos artigos científicos inscritos dentro Congresso do Comitê Científico de Investigação Antártica (SCAR) são de brasileiros.
“Isso mostra que a produção científica brasileira de fato ampliou ao longo dos quatro anos e não só evoluiu como Ministério, mas também dentro da gestão científica do Programa Antártico, que vem mostrando cada vez mais a relevância. Isso mostra que houve um aumento significativo no financiamento das pesquisas através dos editais públicos”, disse o diretor.
Leandro Pedron lembrou da última chamada pública feita pelo MCTI onde a ministra Luciana Santos anunciou um investimento de R$ 30 milhões para pesquisas no continente Antártico, permitindo a utilização dos 17 laboratórios da Estação Antártica Comandante Ferraz e assegurando as atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação na Antártica pelos próximos quatro anos.
“Essa chamada focou em estabelecer políticas afirmativas de inclusão de gênero e de em inclusão de pesquisadores em início de carreira”, disse o diretor.
Outra questão abordada foi a possibilidade de avançar com a cooperação do programa Antártico, especialmente com países latino-americanos. Pedron destacou que estudos entre esses países poderiam amenizar tragédias como a que aconteceu no Rio Grande do Sul. “A gente sabe que tem uma conexão de mudança climática entre o oceano e o continente Antártico. Faltam dados científicos para trazer e melhor entender de maneira complexa essa interconexão. E isso é algo que poderia aproximar ainda mais os países latino-americanos, principalmente pensando que o Brasil está muito mais próximo do continente Antártico”, explicou.
“Então a mensagem foi no sentido de alerta: olha o que aconteceu no Rio Grande do Sul e como isso pode nos afetar, como as mudanças climáticas e o entendimento dessas mudanças, desses fenômenos extremos são importantes para essa interconexão. O continente antártico é superimportante, então devemos nos aproximar em cooperação científica com os países para entender cada vez mais sobre isso”, concluiu o diretor.
As informações são do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.