Apresentação demonstra viabilidade e requisitos operacionais para o emprego de drones na defesa e segurança
Na manhã do dia 17, a Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE) realizou um evento de grande relevância para o setor de defesa e segurança, o workshop sobre “Sistemas de Aeronaves Remotamente Pilotadas: Viabilidade de Emprego e Requisitos”.
O encontro, realizado na sede da Associação, em São Paulo, foi transmitido on-line e reuniu especialistas, representantes de empresas, membros das Forças de Segurança Pública e das Forças Armadas.
Na abertura, o Diretor-Executivo da ABIMDE, coronel Armando Lemos, destacou a importância do ciclo de workshops promovido pela ABIMDE. Segundo ele, a finalidade é trazer conhecimento e informações relevantes para as empresas e todos os integrantes do ecossistema da base industrial de defesa e segurança.
A palestra foi ministrada pelo engenheiro Tiago Igor Rodrigues, especialista em projetos de aeronaves remotamente pilotadas (RPAs) e plataformas de alta altitude. Com um currículo que inclui mestrado em Engenharia Aeronáutica, pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), e experiência em multinacionais no Brasil e no exterior, Tiago compartilhou seu vasto conhecimento sobre o tema.
Durante a apresentação, ele abordou a evolução histórica das aeronaves não tripuladas, desde os primeiros experimentos na Primeira Guerra Mundial até os modernos drones supersônicos. O engenheiro destacou a importância de definir claramente os requisitos operacionais antes de adquirir qualquer sistema, evitando assim a compra de equipamentos inadequados para as necessidades específicas.
Tiago também explicou os diferentes tipos de RPAs, suas aplicações e os desafios técnicos envolvidos, como a densidade do ar, a temperatura e a autonomia das aeronaves. Além disso, apresentou uma metodologia para a criação de requisitos, enfatizando a necessidade de um planejamento detalhado para garantir a eficiência e a eficácia das operações.
“Coloquei a questão do ambiente de voo porque esta informação é importante para determinar onde o equipamento vai operar, mas a principal variável é a densidade do ar”, disse.
A importância da geometria e da aerodinâmica das aeronaves foi destacada para mostrar como diferentes formas e tamanhos de asas influenciam o desempenho. Também foram mostrados os tipos de aeronaves, de asa fixa e rotativa, e os métodos de lançamento e recuperação, como catapultas e paraquedas.
“Basicamente, se for uma aeronave de asa fixa vai ter uma configuração convencional, você vai ter a superfície de controle, motor e trem de pouso. A diferença é que no final existe um ganho em se pegar algo que nasceu tripulado e virou não tripulado, que é a economia de peso e o aumento de desempenho”, completou.
O palestrante abordou ainda a importância dos sistemas e das estações de controle, que variam de maletas portáteis a grandes containers. Ele propôs uma metodologia para definir requisitos de RPAs para orientar processos de aquisições, considerando fatores como perfil da missão, alcance, autonomia, e tipo de decolagem e pouso.
“Quando chegarmos ao nível de excelência, onde você vai escrever o requisito na aplicação, por exemplo, eu preciso voar com tal distância, o equipamento precisa caber em qualquer viatura em uma caixa que dois homens conseguem montar e operar rápido, vai ser o ponto de partida para a definição de aquisição”, exemplificou Tiago.
O workshop contou com a participação de representantes das Forças de Segurança Pública e das Forças Armadas, que fizeram perguntas e compartilharam suas experiências e desafios na utilização de RPAs. Entre os temas discutidos, destacaram-se a necessidade de certificação de drones para emprego na área de segurança pública e a importância de normas padronizadas para garantir a qualidade e proteção dos equipamentos.
O Coronel Lemos encerrou o evento agradecendo a participação de todos e parabenizando o palestrante pela apresentação. “Tiago conseguiu de uma forma leve transmitir um assunto técnico, propor uma metodologia para análise de requisitos abordando vários aspectos que têm que ser considerados para definir uma solução”, disse.
O Diretor-Executivo da ABIMDE também destacou a retomada do Comitê de Veículos Não Tripulados da ABIMDE, que contará com a colaboração de Tiago Rodrigues. O comitê tem como objetivo desenvolver normas e padrões para a certificação de drones, contribuindo para a evolução do setor no Brasil.
O workshop trouxe um rico intercâmbio de conhecimentos e experiências entre os participantes. A ABIMDE reafirmou seu compromisso em promover eventos que fortaleçam a base industrial de defesa e segurança, contribuindo para o desenvolvimento tecnológico e a capacitação das forças de segurança do país.