Para além dos flagrantes, atuação da Marinha asfixiou operações de organizações criminosas
A Marinha do Brasil (MB) encerrou, nesta terça-feira (4), sua participação nas Operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) nos portos do Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP), além das Baías de Guanabara e Sepetiba (RJ), do canal de acesso ao Porto de Santos e Lago de Itaipu (PR). A ação, instituída pelo decreto 11.775/23 e prorrogada até esta terça-feira (4), teve início em novembro de 2023 e não só contribuiu para apreensões de material ilegal, mas também evitou que organizações criminosas prosseguissem com a prática de ilícitos em alguns dos seus principais entrepostos, em razão do poder dissuasório da presença dos militares da MB.
Desde o início da GLO, cerca de 1.000 militares da Força Naval foram empregados por dia no fortalecimento das ações de combate ao tráfico de drogas e de armas, em parceria com Exército Brasileiro, Força Aérea Brasileira, além de agências como Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Receita Federal.
Ainda segundo o Almirante Rossatto, o trabalho da Marinha durante a GLO se baseou em ações prévias de inteligência, planejamento e monitoramento, não se limitando às buscas, apreensões e prisões. “A MB coibiu sobremaneira o crime organizado nas suas intenções criminosas, e isso é dificilmente quantificado, porque não se pode mensurar um ilícito que não foi cometido. E, justamente nestas ações de inteligência, pudemos ter a certeza que a presença ostensiva da Marinha, da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, das Polícias Civil e Militar dos estados, e da Receita Federal, fez com que conhecidas organizações criminosas deixassem de praticar ações como tráfico internacional de drogas e o descaminho”, avalia.
Custo x Benefício
Dados do Comando de Operações Marítimas e Proteção da Amazônia Azul (COMPAAz) apontam que toda a atuação nas ações da GLO custou R$ 58,4 milhões à MB. De acordo com o Comandante do Centro de Operações Marítimas do COMPAAz, Capitão de Mar e Guerra Carlos Alexandre Alves Borges Dias, os valores demonstram um alto benefício em relação aos custos, já que, somente as apreensões de drogas, cigarros contrabandeados, armas, munições e outros ativos somaram um prejuízo de mais de R$ 112 milhões ao crime organizado.
Desde o dia 6 de novembro de 2023, a Marinha do Brasil participou de ações individuais ou interagências que resultaram na apreensão de mais de 1,78 tonelada de drogas (2,7 kg de maconha; 1.525 kg de cocaína e 258 kg de pasta base de cocaína) e 16.250 maços de cigarro contrabandeados. Além disso, a Força participou de abordagens a 12.132 embarcações (sendo 332 navios) e 36.939 veículos, bem como vistoriou 5.148 contêineres e 24.496 pessoas – entre passageiros e funcionários – além de revistar 134.009 bagagens. Foram também expedidos, pelos militares, 17 autos de prisão em flagrante de suspeitos de cometimento de crimes.
De acordo com o Vice-Almirante Rossatto, foram numerosas as ações interagências – 1.538 no total – que reafirmaram o desenvolvimento de uma expertise em contribuir e receber contribuições para o futuro. Segundo ele, após o fim da GLO, a MB não deixará de atuar na promoção da segurança da navegação aquaviária; conduzir e formular políticas que digam respeito ao mar; implementar e fiscalizar o cumprimento de leis e cooperar com os órgãos federais e estaduais na repressão aos delitos nas Águas Jurisdicionais Brasileiras.
Principais meios utilizados
Na “GLO do Mar”, os militares da MB estiveram organizados em grupos-tarefa (GT) compostos por diversas unidades. O “GT Portos”, por exemplo, contou com pessoal da Força de Fuzileiros da Esquadra; Comando da Divisão Anfíbia; Companhia de Polícia do Batalhão Naval; Batalhão de Defesa Nuclear, Biológica, Química e Radiológica; Hospital Naval Marcílio Dias; entre outros. Sem contar a utilização de Cães de Guerra, essenciais para as revistas a pessoas, embarcações, veículos e bagagens.
Entre os meios empregados no estado do Rio de Janeiro, destacaram-se o Navios-Patrulha Oceânicos “Amazonas” e “Apa”, os Navios-Patrulha “Macaé”, “Gurupá”, “Gurupi”; e os Avisos de Patrulha “Marlim”, “Albacora” e “Anequim”; bem como as Lanchas Blindadas “Cação” e “Mako”, além de 3 Lanchas de Apoio ao Ensino e Patrulha (LAEP) e 11 Embarcações de Casco Semirrígido (ECSR). Os portos fluminenses também contaram com o reforço de Carros Lagarta Anfíbios (CLAnf) e Viaturas Blindadas Sobre Rodas do Corpo de Fuzileiros Navais. Os meios aéreos empregados foram as Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP, também conhecidas como drones), do modelo RQ-1 “Scan Eagle” e um Helicóptero Esquilo UH-12.
Em Santos (SP), atuaram os Navios-Patrulha “Maracanã”, “Guajará”, “Guaporé” e o Navio-Patrulha Oceânico “Apa”, além dos Avisos de Patrulha “Barracuda” e “Espadarte”, a Lancha-Patrulha Blindada “Mangangá”, 3 LAEP e 5 ECSR.
Na área do Lago de Itaipu, a MB utilizou as Lanchas de Operação Ribeirinha “Cuiabá” e “São Félix do Araguaia”, a Lancha Blindada “Poraquê”, 4 LAEP, 4 ECSR, 6 Embarcações de Casco Rígido e um Helicóptero Esquilo UH-12.
O “pente fino” dos militares da MB incluiu, ainda, embarcações atracadas (nos portos) ou fundeadas (no mar). Foram inspecionados cascos, contêineres e cargas de dezenas de navios. Nesse ínterim, a atuação de mergulhadores da MB foi fundamental para evitar uma atual e crescente modalidade de tráfico de drogas e armas: o acoplamento desses ilícitos nos cascos dos navios que rumam para águas internacionais. A média de atuação destes militares foi de mais de uma ação de mergulho por dia.
Plano de modernização
Ao longo da Operação, a Marinha do Brasil elaborou um plano de modernização tecnológica, a fim de ampliar a eficiência da sua atuação em áreas portuárias e no combate a crimes transfronteiriços no mar e em águas interiores.
Encaminhado ao Ministério da Defesa em cumprimento ao Artigo 5º do Decreto que instituiu a GLO, o plano prevê o investimento de cerca de R$ 320 milhões em monitoramento, com câmeras de realidade aumentada; veículos não tripulados nos modais aéreo, de superfície e subaquático; aquisição de dados de inteligência, incluindo o uso de imagens de satélite; equipamentos e sistemas de comunicações, comando e controle; material de uso individual, como dispositivos de visão noturna, rastreadores e câmeras corporais; além da obtenção de viaturas operativas e de novas embarcações.
A concretização desses investimentos representaria um legado positivo para a sociedade, na medida em que amplia a capacidade da Força Naval de apoiar o Estado brasileiro no combate ao crime organizado e em outras ações, como a segurança de grandes eventos.
As informações são da Agência Marinha de Notícias.