Durante o encontro, foi lançada plataforma que monitora execução das linhas de financiamento da Nova Indústria Brasil
Nova Indústria Brasil já conta com uma ferramenta importante de monitoramento de parte de suas ações: o BNDES lançou nesta quinta-feira (25/4) uma plataforma pública para acompanhar a execução das linhas de financiamento oferecidas pelo banco no âmbito do Plano Mais Produção.
A plataforma traz o volume e a quantidade de projetos aprovados desde 2023 e o montante já desembolsado pelo banco. Também é possível pesquisar projetos aprovados por eixo (Produtividade, Exportação, Verde e Inovação), porte da empresa (micro, pequena, média ou grande), forma de apoio (direto ou indireto), além de pesquisar resultados por região e estado, com georreferenciamento, bem como a lista de projetos contratados e textos que detalham operações já aprovadas.
O lançamento ocorreu durante o Fórum de Debate para o Desenvolvimento “Financiamento à neoindustrialização: mobilizando o crédito para a inovação”, promovido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pela Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), no Rio de Janeiro, com a participação do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin.
Em sua fala, o vice-presidente lembrou que que o BNDES já é o “campeão da transparência”, segundo avaliação recente dos órgãos de controle nacionais, e que a nova plataforma aumenta ainda mais essa condição.
“E transparência traz eficiência”, disse Alckmin, destacando ainda a parceria entre BNDES e Finep para a execução na Nova Política Industrial (NIB).
“Não tem desenvolvimento sem crédito. E essa é a casa do desenvolvimento. A Nova Indústria Brasil, lançada pelo presidente Lula, é inovadora, verde, competitiva e exportadora. E aí, na inovação, nós equacionamos bem a questão do crédito”, disse o ministro, destacando o papel central do BNDES e nesse tema.
“Tem orgulho que é justo”, observou. “E o BNDES é um orgulho justo”.
Alckmin fez ainda um balanço dos eixos da NIB e dos principais programas e ações do MDIC para alavancar o desenvolvimento industrial, entre eles o Mover, o Reiq, o Padis e as medidas de desburocratização e facilitação das exportações. Essas e outras medidas, segundo ele, têm ajudado a colocar o Brasil na liderança da transição energética no mundo, com aumento dos investimentos internos e estrangeiros.
Protagonismo e oportunidade
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, também destacou o protagonismo do Brasil na agenda verde e de transformação climática, lembrando que, entre seus congêneres mundiais, o banco de desenvolvimento brasileiro foi o que mais financiou a energia limpa nas últimas décadas.
“A nova energia é mais cara que o padrão energético anterior. Por isso ela depende decisivamente do Estado e das políticas públicas, ou não irá acontecer”, afirmou Mercadante, observando que esse é um movimento que ocorre em todo o mundo.
“Os países estão buscando mais soberania e capacidade de alimentar sua estrutura produtiva e atender as demandas das suas populações”, disse, citando os pesados investimentos de EUA, União Europeia e China. “É um cenário complexo e desafiador, mas também uma janela de oportunidades para o Brasil”.
Plano Mais Produção
Os investimentos que serão monitorados pela plataforma lançada hoje fazem parte do Plano Mais Produção, criado em janeiro para apoiar a execução da nova política industrial. Numa primeira etapa, estão previstos R$ 300 bilhões para os projetos relacionados às seis missões da NIB, através de operações envolvendo BNDES, FINEP. São R$ 271 bilhões em financiamentos, R$ 21 bilhões em créditos não reembolsáveis e R$ 8 bilhões em equity.
A plataforma irá monitorar a aplicação dos R$ 250 bilhões que cabem ao BNDES. Uma ferramenta mais ampla, que está sendo elaborada pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), possibilitará acompanhar a realização das ações também no âmbito da Finep e da Embrapii, além da implementação dos programas previstos na NIB.
Previsibilidade
Em painel realizado após a abertura do evento, o secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do MDIC, Uallace Moreira, afirmou que os programas do governo federal, em especial o Plano Mais Produção, estão dando a segurança e a previsibilidade de que indústria precisa para investir em inovação e alcançar a fronteira tecnológica do desenvolvimento econômico.
“Hoje, o agronegócio tem aproximadamente R$ 344 bilhões de incentivos no Plano Safra. É um case de sucesso de um setor extremamente importante. E a indústria também precisa ter um volume de recursos que ofereça previsibilidade aos investimentos, em particular considerando a questão da inovação e da janela de oportunidade que se abre ao Brasil”, disse.
Uallace lembrou que o objetivo da NIB é Fortalecer cadeias produtivas composta por empresa nacionais e estrangeiras, para que a indústria volte a ter protagonismo no crescimento econômicos brasileiro.
“Ninguém faz inovação sem suporte sem apoio público. E a política pública pode ter resultado extremamente positivo quando é bem construída”, afirmou Uallace, dando como exemplo o programa Mover, que destina R$ 19,3 bilhões de crédito financeiro para o setor automotivo e já provocou anúncios de mais de R$ 100 bilhões em investimentos por parte das empresas.
Citando o economista Celso Furtado (1920-2004), Uallace defendeu que o Brasil busque um modelo próprio de desenvolvimento, aproveitando as janelas de oportunidades que se abrem hoje no mundo.
“Temos capacidades internas construídas e podemos usá-las para que a indústria brasileira possa ganhar adensamento de cadeia produtiva, diversificar e aumentar sua participação no PIB. E é isso que no governo do presidente Lula está fazendo”.
Também participaram do painel a presidente executiva da P&D Brasil, Rosilda Prates; o diretor de Inovação da Finep, Elias Ramos de Souza; o economista chefe da Fiesp, Igor Rocha; e o diretor de desenvolvimento industrial da CNI, Rafael Luchesi.
Intercâmbio
Durante o evento, foi assinado um termo de cooperação entre BNDES e FINEP para o intercâmbio de conhecimentos com o objetivo de aprimorar a atuação de ambas as instituições no apoio à inovação no país.
Também foi discutida a necessidade de avançar na construção de novos instrumentos financeiros de fomento à indústria e à transição ecológica, a exemplo das LCDs (Letras de Crédito de Desenvolvimento), projeto que tramita em regime de urgência na Câmara dos Deputados.
Sobre o evento
O Fórum de Debate para o Desenvolvimento é uma oportunidade de promover o diálogo entre os formuladores da política nacional e as instituições financiadoras de projetos relevantes para o futuro do País, como o programa Nova Indústria Brasil.
A ideia é realizar vários encontros pelo país. Segundo Celso Pansera, presidente da ABDE e da Finep, os próximos eventos do tipo devem ocorrer em Natal (RN) e Brasília (DF). Também participou do encontro do Rio de Janeiro a presidente da Frente Parlamentar Mista de Apoio ao Sistema Nacional de Fomento para o Financiamento ao Desenvolvimento (FPSNF), Deputada Luísa Canziani (PSD-PR)
Os painéis contaram a presença de diretores do BNDES e representantes do MDIC, da Finep, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), do KfW Development Bank, do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), do Banco de Desenvolvimento do Estado do Espírito Santo (Bandes), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e da Associação de Empresas de Desenvolvimento Tecnológico Nacional e Inovação (P&D Brasil).
As informações são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.