Salto comemorativo, voo simbólico, documentário, monumento e cerimônia especial foram as ações em reconhecimento ao avião
Essencial para diversas missões da Força Aérea Brasileira (FAB), a aeronave C-130 Hércules recebeu uma série de homenagens em sua despedida. Salto comemorativo, voo simbólico, documentário e instalação de monumento foram algumas das ações realizadas na última semana em reconhecimento a esse ícone da aviação militar mundial, utilizado desde 1965 no Brasil. Com muita emoção, a cerimônia alusiva ao aniversário de 59 anos do Primeiro Grupo de Transporte (1º/1º GT) – Esquadrão Gordo e ao legado operacional do C-130 Hércules foi realizada nessa quinta-feira (29/02), na Base Aérea do Galeão (BAGL), no Rio de Janeiro.
Para celebrar o momento histórico, militares de diversas gerações que cumpriram missões nas asas da aeronave participaram da solenidade que foi presidida pelo Tenente-Brigadeiro do Ar Sergio Roberto de Almeida e contou com a participação de diversas autoridades. A cerimônia condecorou ex-comandantes do Esquadrão Gordo e um seleto grupo de tripulantes do C-130 com uma simbólica lembrança.
Passagem de serviço
Desenvolvida para missões semelhantes, a aeronave KC-390 Millennium carrega o desafio de continuar as vitórias e o legado operacional alcançado pelo C-130 ao longo das suas 370 mil horas de voo na Força Aérea Brasileira. Simbolizando a “passagem de serviço”, sobrevoos de um C-130 Hércules e um KC-390 Millennium na BAGL marcaram o evento de despedida. Ainda na cerimônia, pousou na BAGL o C-130 Hércules, seguido pela aeronave KC-390, momento marcado por comoção por todos aqueles que prestigiaram a solenidade e que ficará para a história.
Legado e recordações
Em seu discurso, o Comandante do 1º/1º GT, Tenente-Coronel Aviador Umile Coelho Rende, falou como a história do Esquadrão está diretamente relacionada com o Hércules e o quanto o seu legado é significativo para a FAB e para a sociedade brasileira. “Ao recordarmos tudo o que vivemos a bordo desse imponente quadrimotor, todas as experiências que compartilhamos com nossos companheiros de farda, todos os desafios que vencemos nas mais diversas fronteiras além-mar, toda a história que construímos nesses 59 anos, somos categóricos em afirmar: essa aeronave nos representa!”, expressou.
Com feitos eternizáveis nas missões de Operação de Paz no Haiti, de apoio humanitário aos países vizinhos como o Chile, Venezuela, Bolívia, Peru, de busca da aeronave Gol 1907 e da aeronave Air France 447 no Oceano Atlântico, de combate aos incêndios florestais no Chile e na Colômbia, de apoio a todos os entes da federação brasileira no combate à pandemia de Covid-19, entre tantas histórias, o orgulho do Primeiro Grupo de Transporte foi expresso por pilotos de gerações passadas e contemporâneas ao homenagear a aeronave.
Ex-Comandante do Esquadrão Gordo de 1987 a 1989 e um dos homenageados na cerimônia, o Major-Brigadeiro do Ar Cezar Ney Britto de Mello declarou que o C-130 foi um amor que ele teve desde o tempo em que era um jovem cadete. “No primeiro ano da Escola, no Campo dos Afonsos, fui escalado para vir aqui à Base Aérea do Galeão para a solenidade de recepção dos C-130 adquiridos pela Força Aérea. Esse avião foi um divisor de águas da FAB, que na época era praticamente apoiada em aeronaves C-47 bimotor. A aquisição desses primeiros cinco aviões que chegaram foi o passo de gigante que a Força Aérea deu em sua razão operacional”, manifestou.
“Essa celebração é importante tanto para os aviadores que tiveram a oportunidade de voar no C-130 quanto para o país. Nesses 59 anos, essa aeronave esteve aonde o Brasil precisava, em missões de paz, resgate de nacionais, em busca e salvamento, ajudando a combater incêndio, nas missões na Amazônia, fazendo papel de integração, de abastecimento de Defesa Aérea, entre outras diversas missões. Todos os pilotos que tiveram a oportunidade de voar no C-130 sentem muito orgulho guardado no coração de ter servido o Brasil através desse aeronave, fazendo grandes missões aéreas”, expressou o Major-Brigadeiro do Ar José Madureira Junior, que pilotou a aeronave na ocasião.
História
Produzida pela empresa Lockheed Martin, o Hércules foi incorporado à frota de aeronaves da FAB na segunda metade de 1964, na versão C-130E e, ao longo dos anos, recebeu os modelos SC-130E (Busca e Salvamento/Reconhecimento), C-130H e KC-130H (Reabastecimento em Voo).
Em 1983, o C-130 Hércules começou a realizar missões de apoio o PROANTAR, contribuindo desde então com o desenvolvimento de pesquisas científicas no Continente Antártico, totalizando cerca de 400 missões. Destacam-se também as humanitárias no Congo em 2003, El Salvador em 2005, Haiti entre 2009 e 2017, Peru em 2017 e no Chile em 2010. As missões de Combate a Incêndio em Voo no Chile 2014, 2017 e 2023.
Na Operação COVID, o projeto transportou quase 2 milhões de quilos de carga (insumos e materiais hospitalares diversos), 640 mil litros de oxigênio (O²) e mais de 20 Usinas de Oxigênio.
Fotos: Sargento Muller Marin / CECOMSAER / BAGL