Além do NB4, recursos do FNDCT permitiram investimentos nas pesquisas na Antártica. Marcia Barbosa também lembra o lançamento de editais para estudos sobre saúde mental
O Brasil não pode pensar pequeno.” A afirmação é da secretária de Políticas e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcia Barbosa, que destaca a relevância da construção do laboratório de máxima contenção biológica – NB4 no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP). Batizado de Orion, o laboratório será o primeiro do mundo conectado a uma fonte de luz síncrotron. No total, o empreendimento receberá R$ 1 bilhão em investimentos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) até 2026.
Incluído no Programa de Aceleração do Crescimento, o Orion permitirá que o Brasil se junte aos diversos países que dispõem de condições para lidar com patógenos que podem causar doenças graves, incluindo os que podem vir a surgir.
“Neste ano, nós tivemos o financiamento para a construção do NB4, que é um laboratório de segurança máxima, que contará com três linhas de luz do Sirius. Essas linhas de luz vão ser como microscópios que vão permitir que a gente olhe em várias escalas diferentes tipos de elementos biológicos. E isso é algo revolucionário no mundo”, ressalta a secretária Marcia Barbosa.
O acelerador de partículas Sirius é a maior e mais complexa infraestrutura científica do país. A segunda fase do projeto, também incluída no PAC, contempla a construção de 10 novas estações de pesquisa. No total, o acelerador de partículas terá 38 linhas de luz das quais três serão conectadas ao NB4. A previsão é que o Sirius receba R$ 800 milhões de investimentos até 2026.
A luz síncrotron é usada para investigar a composição e a estrutura da matéria em suas mais variadas formas, com aplicações em praticamente todas as áreas do conhecimento. Assim, as investigações realizadas no Sirius podem beneficiar a sociedade no desenvolvimento de soluções para o enfrentamento dos problemas da área da saúde, de tecnologias para agricultura, meio ambiente, novas fontes de energia e materiais mais sustentáveis, por exemplo.
Pesquisa no continente gelado
Marcia Barbosa lembra que a recomposição do FNDCT permitiu a retomada de investimentos em projetos científicos, como as pesquisas desenvolvidas na Antártica. Um edital no valor de R$ 30 milhões foi lançado para financiar o próximo ciclo de pesquisa no continente gelado. É o maior investimento já registrado em uma única e exclusiva chamada pública para a ciência antártica em 40 anos de pesquisas brasileiras na região polar.
As pesquisas são desenvolvidas no âmbito do Programa Antártico Brasileiro (Proantar) – o mais longevo programa de pesquisa do país. Graças ao programa, o Brasil está inserido no grupo de apenas 29 nações que são membros consultivos do Tratado da Antártica. A ciência é prerrogativa para o Brasil participar deste seleto grupo que define o futuro do continente antártico.
“Os recursos do FNDCT também estão presentes na continuação do Proantar – a presença do Brasil na Antártica. É importante ressaltar que, agora, o projeto se tornará polar, pois nós vamos desenvolver pesquisas tanto no Polo Sul como no Polo Norte. É o Brasil nas duas pontas do mundo”, diz a secretária do MCTI.
Saúde mental
Ela lembra ainda que a Secretaria de Políticas e Programas Estratégicos também lançou edital junto com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para estudos e pesquisas sobre transtornos mentais causados pela pandemia da Covid-19 na população brasileira. Com investimentos de R$ 7,5 milhões, a chamada pública vai promover a criação de uma Rede Brasileira de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P,D &I) em Saúde Mental.
“É preciso que seja feito um levantamento desse fator. Por isso, vamos pegar grupos de pessoas e avaliar dentro e fora das universidades brasileiras para identificar quais são os problemas de saúde mental mais recorrentes. Isso será compartilhado com o Ministério da Saúde, para contribuir para a elaboração de políticas de saúde”, explica.
Desafios
Para 2024, a secretária aponta como desafio os projetos de monitoramento e rastreamento da floresta amazônica. “Já existem dispositivos que a gente consegue colocar nas árvores da floresta que enviam imagens e sons em tempo real. Para isso, estamos buscando não só financiamento, mas também parcerias com os ministérios do Meio Ambiente e do Ministério dos Povos Indígenas, porque a ideia é que o projeto piloto seja em uma reserva indígena, com os indígenas controlando e capitaneando esse processo. Esse projeto é um dos projetos disruptivos. Para a comunidade científica e para todo mundo que compõe esse ecossistema de ciência, tecnologia e inovação do Brasil, teremos novos projetos com mais financiamento do FNDCT para, juntos, transformarmos o Brasil.”