Medida atesta o compromisso da Força Naval com a pronta resposta a eventuais catástrofes naturais
A Marinha do Brasil (MB) ativou, ontem (19), o Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais em Apoio à Defesa Civil. A medida, preparatória para eventual emprego em situações de desastres naturais, permanecerá até 15 de março do próximo ano. Durante a cerimônia de ativação foi realizada uma formatura, com mostra de pessoal e material, presidida pelo Vice-Almirante (Fuzileiro Naval) Renato Rangel Ferreira, Comandante da Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE).
Ativado anualmente no período de maior ocorrência das chuvas na região sudeste do Brasil, o Grupamento foi criado em 2011, após deslizamentos de terra ocorridos em Nova Friburgo-RJ. É uma organização que permanece em estado de prontidão e, quando acionada, em algumas horas, consegue iniciar o deslocamento para a área afetada.
Grupamento ativado pela Marinha conta com 305 militares. Imagem: Marinha do Brasil
Segundo o Almirante Renato, a ativação representa a pronta resposta da MB para reforçar a estrutura de Defesa Civil e atuar no âmbito das operações interagências, em coordenação com diversos entes públicos e civis. “O acionamento do Grupamento reveste-se de extrema importância, em especial no corrente ano, devido às mudanças climáticas causadas pelo El Ninho, bem como ao histórico recente de emprego da tropa nesse tipo de situação”, explica.
A estrutura do Grupamento
O Grupamento ativado conta com 305 militares e 50 viaturas da FFE, além de militares da Diretoria de Saúde da Marinha e da Diretoria de Assistência Social da Marinha. Organizado para se deslocar por via rodoviária, marítima ou aérea, o Grupamento possui capacidade para instalar e operar um hospital de campanha, desobstruir vias, resgatar pessoal, transportar pessoas e distribuir gêneros.
O Grupamento é estruturado em componentes com finalidades específicas, mas que se complementam, o que lhe confere flexibilidade e versatilidade para fazer frente a diversas situações. Também preserva determinado grau de autonomia de recursos para operar nas regiões afetadas, durante determinado período. Tais características reforçam a capacidade expedicionária e de pronta resposta dos Fuzileiros Navais.
Algumas das viaturas e equipamentos que compõem o Grupamento ativado. Imagem: Marinha do Brasil
O Comandante do Grupamento, Capitão de Mar e Guerra (Fuzileiro Naval) Luis Felippe Valentini da Silva, destaca o trabalho realizado e o sentimento para preparar a tropa e organizar o material para esse tipo de missão: “Dedicamos grande esforço para antecipar as necessidades de acionamento em apoio à Defesa Civil e estar pronto a levar ajuda à população em risco é gratificante”.
Empregos recentes em Petrópolis-RJ e São Sebastião-SP
O emprego de militares da MB em apoio à defesa civil não é novidade. Nos últimos dois anos, houve dois acionamentos: em 2022, na cidade de Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro e no início deste ano, em São Sebastião, litoral do estado de São Paulo. Nas duas ocasiões, devido às fortes chuvas típicas do período do verão, deslizamentos e enchentes provocaram mortes e desabrigaram milhares de pessoas nas regiões afetadas.
Em Petrópolis, foram empregadas cerca de 60 viaturas e 300 militares, entre Fuzileiros Navais e profissionais da saúde, que atuaram na ativação de um hospital de campanha e no desenvolvimento de atividades de desobstrução de vias e apoio na organização das doações.
Já em São Sebastião, a MB acionou o Navio-Aeródromo Multipropósito (NAM) “Atlântico”, com mais de 1.000 militares, sendo 180 Fuzileiros Navais e 70 profissionais de saúde. Ao todo, foram realizados mais de 1.200 atendimentos médicos, odontológicos, psicológicos e religiosos. Na ocasião, os militares desobstruíram vias públicas, retirando cerca de 2 mil toneladas de escombros e transportaram cerca de 110 toneladas de donativos.
Militares da Marinha desobstruindo vias em São Sebastião (SP), em fevereiro deste ano. Imagem: Marinha do Brasil