“Tecnologia Nacional para Insumos Estratégicos” foi o tema abordado nos dois dias de evento
A Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação (ABIPTI) realizou nos dias 28 e 29 de agosto, a décima edição do seu congresso bianual, com o tema “Tecnologia Nacional para Insumos Estratégicos”. O evento aconteceu no Parque Tecnológico de Brasília (BioTIC), na capital federal.
A programação incluiu nove painéis que trataram temas como Saúde, Agricultura, Comunicações, Internacionalização de Empresas, ICTs e Startups; Defesa, Energia, Financiamento à Produção e Indústria, e contaram com a participação de autoridades e especialistas.
Na manhã do dia 29, foi realizado o painel – Insumos Estratégicos para a Defesa, que teve como palestrantes: o CEO da Kryptus Segurança da Informação e presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança, Dr. Roberto Alves Gallo Filho, o presidente-executivo da ABIMDE, general Aderico Mattioli; e o diretor de Negócios para América Latina da TNO Defesa, Willem de Klerk. O painel teve a moderação do Presidente da ABIPTI, Paulo Foína.
Kryptus Segurança da Informação
Abrindo as apresentações, o Dr. Roberto Gallo comentou sobre sua atuação junto à Kryptus de mais de 20 anos como desenvolvedor de tecnologias críticas em criptografia e ciberdefesa, utilizada por clientes em mais de 20 países, tanto no setor defesa quanto privado. Esta experiência o fez reconhecer a importância de se utilizar tecnologias sob domínio do cliente, em especial em aplicações de Estado.
O fundador e CEO da Kryptys deu alguns exemplos sobre o que acontece quando não se tem o domínio da tecnologia, como aconteceu na Guerra das Malvinas, em 1982, na qual a Argentina e o Reino Unido disputavam aquele arquipélago. Na ocasião, as forças armadas argentinas, que dispunham de aeronaves fabricadas com tecnologia francesa, não tiveram como lançar mísseis sobre seus inimigos porque o equipamento dispunha de tecnologia que impedia o acionamento contra as forças britânicas. “O avião voava, mas o míssil não era efetivo contra o alvo”, disse.
Dr. Gallo citou ainda a disputa entre os EUA e a China que envolve produtos tecnológicos, onde chineses não podem usar o sistema operacional Windows em seus computadores e o governo norte-americano coibiu a comercialização de produtos da Huawei em todo o seu território. Além disso, “os países se acusam mutuamente – com razão – de espionagem e sabotagem por meio de dispositivos eletrônicos ou softwares”, pontuou.
TNO Defesa
Na sequência, o diretor da TNO, Willem de Klerk apresentou os serviços e produtos desenvolvidos pela empresa holandesa voltados para o setor de defesa. Ele relatou que a organização conta com 800 pesquisadores que se dedicam a produzir equipamentos de defesa eletrônica e cibernética, materiais bélicos, de proteção contra armas químicas e biológicas e de segurança individual.
Willem elencou exemplos de equipamentos criados e serviços prestados pela TNO que podem ser utilizados em operações navais, aéreas e terrestres. A exposição de Willem de Klerk ilustrou a importância de se investir em tecnologia local para se produzir insumos e equipamentos nacionais para o setor de defesa.
ABIMDE
Encerrando o painel Insumos Estratégicos para a Defesa, o presidente-executivo da ABIMDE, general Aderico Mattioli, fez uma breve apresentação da Associação e parabenizou a ABIPTI pelo engajamento em um tema de vital importância para a soberania nacional.
A título de introdução, ressaltou que, de acordo com a Lei da Base Industrial de Defesa – Lei 12.598/12 -, é considerado Produto de Defesa todo bem, serviço, obra ou informação demandados pela atividade finalística de defesa, e que de acordo com o seu conteúdo tecnológico, sua dificuldade de obtenção ou sua imprescindibilidade, podem ser enquadrados como Produtos Estratégicos de Defesa.
Durante sua apresentação, o general exibiu imagens de equipamentos e materiais produzidos no País atestando a diversidade, a qualidade e a pujança das capacidades produtivas nacionais, em qualquer área, desde alimentação até satélites. “Quem é que produz submarinos no mundo? Quem é que produz aviões deste nível? Nós temos capacidades e estamos entre os 10 melhores do mundo. Eu não tenho a menor dúvida,” disse o presidente-executivo.
O general Mattioli esclareceu que, pela estatura geopolítica do Brasil, é fator dissuasório alcançar os níveis de “não-dependência” e o de “autossuficiência em termos de capacidades produtivas, tecnológicas e inovadoras. Neste sentido, exemplificou a situação de “dependência”, que acontece nos casos de vetos à importação de insumos estratégicos sofridos pelo Brasil.
Enfatizando as virtudes e potencialidades brasileiras, lembrou que a Base Industrial de Defesa e Segurança, se encontra em um momento de transição, saindo da era da indústria para a era do conhecimento.
“Os desafios são crescentes, sendo fundamental atentar para a superação de fatores historicamente críticos, ainda hoje não equacionados: previsibilidade orçamentária; isonomia tributária e regulatória; valoração de talentos; criação de observatórios de capacidades; e adoção de “unidade de comando” para a condução dos projetos estratégicos nacionais”, defendeu.
Sobre a ABIPTI
A organização reúne cerca de 150 associados, entre entidades públicas e privadas de pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico, distribuídas pelo Brasil. A ABIPTI é uma das principais instituições do ecossistema de ciência, tecnologia e inovação (CT&I), que atua por meio da promoção de atividades de capacitação, articulação de políticas públicas e geração e disseminação de conhecimentos.
Seu propósito é representar e promover as Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs), além de conectar os institutos às empresas, gerando esforços na busca sistemática pela inovação. Articula parcerias com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Finep, CNPq, Conselhos Administrativos, Comitês, além de atuar no Congresso Nacional com a Secretaria Executiva da Frente Parlamentar Mista de Ciência, Tecnologia, Pesquisa e Inovação.
Com informações da ABIPTI.