A Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE) realizou na última terça-feira, 6, mais uma edição de reunião plenária para as associadas da Base Industrial de Defesa e Segurança (BIDS), na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), em Porto Alegre (RS).
O Vice-Presidente da FIERGS e Presidente do Comitê da Indústria de Defesa e Segurança (COMDEFESA), Gilberto Porcello Petry, fez a abertura do evento e agradeceu a presença da diretoria da ABIMDE na capital gaúcha. Na plenária, em formato híbrido, os participantes acompanharam a apresentação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), conheceram as “Potencialidades do Estado do Rio Grande do Sul em Defesa e Segurança”, bem como as últimas atualizações do setor.
O presidente da ABIMDE, Dr. Roberto Gallo, agradeceu a participação do senhor Glauco Corte, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina e vice-presidente executivo da CNI , em nome de quem cumprimentou todas as autoridades e instituições representadas. O Dr. Gallo ressaltou a relevância das empresas associadas situadas no Rio Grande do Sul pertencentes à Base Industrial de Defesa e Segurança e suas contribuições para a manutenção da soberania nacional.
Ao apresentar o palestrante, destacou a relevância de um dos vetores que compõem a engrenagem da defesa: os instrumentos financeiros. O tema que foi abordado pelo BNDES.
A apresentação foi dividida em duas partes. Na primeira, o engenheiro do Departamento de Bens de Capital, Mobilidade e Defesa da Área de Indústria e Serviços do BNDES, Sergio Schmitt, contextualizou a conjuntura recente da indústria brasileira e seu processo de desindustrialização e os danos decorrentes disso.
“A indústria, além de representar os melhores empregos, tem papel crucial na difusão tecnológica, na geração de inovação para a economia, além de ser responsável pelas exportações de maior valor agregado de um país”, disse.
Segundo Schmitt, o novo ciclo governamental estabeleceu como prioridade a reindustrialização. “A missão do país passa pela transição de uma economia mais próspera, verde, industrial e inclusiva”.
Ele explicou que a política do BNDES está pautada na articulação de políticas públicas e no financiamento a missões industriais em quatro eixos de atuação: descarbonização e transição climática; fortalecimento de cadeias estratégicas, com papel preponderante do setor de defesa e aeroespacial; transformação digital e, por fim, bioeconomia e materiais estratégicos.
As perspectivas para o setor são as melhores. Schmitt disse que as metas para a reindustrialização são ambiciosas e tem projeção de aumento de 30% no valor investido pelo BNDES até 2026.
Em complemento, o gerente de projetos do BNDES, Marcelo Dias Ferreira, falou sobre o programa do banco na área de defesa, que está referenciado pela Política Nacional de Exportação e Importação de Produtos de Defesa (PNEI-PRODE), com prerrogativas dos Ministério da Defesa (MD) e das Relações Exteriores (MRE).
Desde 2018, Marcelo trabalha em parceria com o MD, graças a um memorando de entendimento, em vigor até 2024, no qual são trocadas informações e são propostas modificações nas políticas industriais e nas políticas operacionais em apoio a Defesa.
“O BNDES apoia a capacidade produtiva das nossas indústrias, compras internas das polícias e forças de segurança estaduais e municipais e, também, a exportação da base industrial de defesa e segurança, desde que haja a concordância do MD e MRE”, destacou.
Marcelo esclareceu que foi criada uma metodologia específica para a defesa. Existem produtos para o financiamento da produção de bens destinados à exportação, para a emissão de garantias contratuais e o financiamento da comercialização no exterior de bens exportados do Brasil.
O BNDES produziu, com o MD, a Cartilha do Exportador de Defesa, onde está disponível um mapeamento com todas as informações necessárias para quem deseja exportar, as formas de financiamento, a quem consultar, contatos e demais dados. Acesse a Cartilha em:
Outro tópico abordado foi sobre como manter a BID perene e sustentável a longo prazo.
Outro tópico abordado foi sobre como manter a BID perene e sustentável a longo prazo. Para Marcelo, as demandas têm que estar alinhadas em quatro bases: pesquisa, desenvolvimento e inovação; encomendas tecnológicas; compras governamentais; e exportações.
O palestrante detalhou ainda dados sobre a ABGF – Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias, empresa pública, sob a forma de sociedade anônima, que administra fundos garantidores e presta garantias às operações de riscos diluídos em áreas de grande interesse econômico e social. O Banco do Brasil foi outra instituição citada, por sua função na equalização da taxa de juros.
Finalizando sua apresentação, o gerente de projetos deu alguns exemplos de projetos que têm sido acompanhados – e não financiados – pelo banco com a validação de empresas de conteúdo nacional. A Fragatas Classe Tamandaré da Marinha foi apontada por sua transferência de tecnologia, estímulo a mão de obra qualificada e geração de empregos. Houve mais de 150 fornecedores nacionais interessados, de 10 estados do país, e foram gerados mais de nove mil empregos diretos e indiretos.
Comitê da Indústria de Defesa e Segurança do Rio Grande do Sul
O Vice-Presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry, falou sobre o estado Rio Grande do Sul, suas potencialidades, sua importância no cenário nacional e o papel do COMDEFESA. Ele destacou números da indústria gaúcha que representa 6,4% do PIB, 9,4% dos estabelecimentos industriais, 7,8% dos empregos, 6,8% das exportações e 9,4% da arrecadação do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
Gilberto descreveu a indústria composta por pequenas e médias empresas, de alta densidade do fazer, ou seja, com o espírito regional com intensa vontade de fazer acontecer, de realizar. “Esta disposição tem uma relevância muito importante sobre a disponibilidade e capacidade de reação no caso de uma indústria de defesa”, defendeu.
Segundo ele, a maior concentração de PIB industrial começa por Porto Alegre, seguida por Canoas, Caxias do Sul, com as mais variadas competências: metalurgia, siderurgia, fundições, autopeças, mecânica, material elétrico, telecomunicações, eletrônica, sistemas embarcados, circuitos integrados, semicondutores, química, petroquímica, veículos especiais, armas, munições, medicamentos, fármacos, papel celulose, entre outros.
“Todos sabemos que a defesa é mais do um instrumento de combate, a defesa começa desde a alimentação, suprimento e, neste sentido, imaginando uma indústria de defesa com capacidade de suprir as necessidades, temos áreas como a alimentação, que é muito forte, químicos, máquinas, equipamentos, produtos de metal, eletrônica, enfim, temos um rol bastante grande de indústrias passíveis de fornecimento para a defesa”.
No Rio Grande do Sul foram listadas quatro empresas na área da defesa, 10 empresas estratégicas de defesa e um sem-número de empresas com capacidades de suprir demandas de defesa.
“O COMDEFESA parte de uma crença que é sólida aqui na FIERGS da importância essencial de uma economia industrial competitiva para que tenhamos uma sociedade próspera e estável. Muito mais do que gerar empregos de qualidade precisa-se pensar na distribuição e geração de renda pelo trabalho, de forma produtiva e agregando valor na vida do cidadão”, completou.
O comitê tem sua atuação pautada em três pilares. O primeiro é difundir a importância de uma indústria local, forte, consistente, como acontece em muitos países no mundo, depois estabelecer vinculações com as entidades compradoras e financiadoras e a operacional, de vinculação direta.
O Presidente do COMDEFESA destacou ainda algumas atividades desenvolvidas pelo Comitê, sua área de abrangência, alcance, estudos e ações em prol da indústria do Sul do país.
Realizações da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança
O diretor-executivo da ABIMDE, coronel Armando Lemos fez o fechamento da plenária com a atualização de atividades e participação nos próximos eventos, como o II Seminário de Fomento da Indústria Aeroespacial, com participação do Presidente-Executivo da ABIMDE, general Aderico Mattioli, como palestrante.
Além dos eventos, o coronel falou sobre o lançamento do livro que conta a história da “Indústria de Defesa no Brasil”, que tem a finalidade de mostrar à sociedade a importância e o impacto que este setor tem para o Brasil.
Também foi feita uma atualização sobre os serviços oferecidos pela Associação, como a Divisão de Certificação de Produtos Controlados, que certifica produtos baseado nas normas estabelecidas pelo Exército. A ABIMDE também foi designada pela Secretaria Nacional de Segurança Pública para certificar produtos da área de segurança pública.
A Associação está oferecendo um novo serviço que é o levantamento de licitações nacionais e internacionais, por meio do qual serão passados avisos diários sobre as licitações de diversos países do mundo, com os temas de interesse pré-definidos pelas empresas associadas.
O coronel Lemos destacou a criação dos dois comitês temáticos: o Comitê de Marcos Legais e Regulatórios e o Comitê de Segurança Pública como o setor é heterogêneo, temos subsetores dentro do setor macro que precisam ser tratados com suas peculiaridades.
O diretor-executivo mencionou ainda o relacionamento da ABIMDE com os Ministérios da Defesa e das Relações Exteriores no compartilhamento de oportunidades de negócios internacionais. A Associação recebe periodicamente solicitações com estas oportunidades provenientes de diversos países, como Colômbia, Equador, Peru, Nigéria, Finlândia e Alemanha.
O executivo citou a profícua parceria da ABIMDE com a Agência Brasileira de Inteligência-ABIN e o trabalho para difusão do Plano Nacional de Proteção do Conhecimento.
Por fim, após apresentar as empresas associadas da região sul, o coronel deu as boas-vindas às novas associadas: a GOLDENDOME, fornecedora de equipamentos de segurança e a OMID Solutions, empresa de soluções de cloud corporativa e data centers.