O mês de março ficou marcado com um feito durante a 41ª Operação Antártica – OPERANTAR XLI. Em atendimento aos projetos científicos realizados pelos pesquisadores brasileiros no continente gelado, o Navio de Apoio Oceanográfico (NApOc) “Ary Rongel” cruzou o Círculo Polar Antártico, após atravessar o estreito de Gerlache, localizado a noroeste da Península Antártica. O último registro dessa travessia ocorreu em 2001.
O Comandante do “Ary Rongel”, Capitão de Mar e Guerra Fabiano de Medeiros Ichayo, ressalta que o principal desafio na travessia é navegar por canais estreitos, tortuosos e com presença de gelo marinho, onde o detalhamento da cartografia ainda é limitado, normalmente sob condições meteorológicas adversas, com ventos fortes e visibilidade reduzida.
“As janelas meteorológicas favoráveis são encurtadas à medida que se navega mais para o sul, bem como aumenta a presença de gelo no mar, especialmente nos estreitos, como é o caso de Gerlache”, alegou.
Além da efeméride de cruzar o círculo polar, o Comandante conta que a ocasião demandou contato com a Estação norte-americana “Palmer” e que essas interações entre representantes de outros países, atuantes ao sul da península, estão inseridas no contexto da “Diplomacia Antártica”, que reforça os laços para apoio mútuo e cooperação, previstos no Tratado Antártico, ao qual o Brasil aderiu em 1975.
Outro objetivo alcançado na jornada rumo ao sul foi a passagem pelas Ilhas Cruls, no Monte Rio Branco e no Pico Almirante Alexandrino de Alencar, topônimos em homenagem a personalidades brasileiras que contribuíram para o desenvolvimento da navegação e da ciência na Antártica.
As Ilhas Cruls foram batizadas com esse nome em homenagem ao astrônomo belga, naturalizado brasileiro, Luiz Cruls, que foi diretor do Observatório Nacional em 1881. Em 1882, participou da comissão enviada por D. Pedro II à cidade de Punta Arenas para observar a passagem de Vênus pelo disco solar. Em 1898, como diretor do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Cruls apoiou a expedição do belga Adrien de Gerlache, quando em escala no Rio de Janeiro, com destino à Antártica. Durante essa expedição, a bandeira brasileira foi hasteada pela primeira vez no continente Antártico por Gerlache, em homenagem aos brasileiros que o apoiaram no Rio de Janeiro.
O Barão de Rio Branco foi homenageado pelo explorador francês Jean-Baptiste Charcot, com o batismo de um monte de 975 metros de altura, tendo em vista que, quando Ministro das Relações Exteriores, apoiou a expedição francesa de 1908, que também fez escala na cidade do Rio de Janeiro com destino à Antártica.
O Almirante Alexandrino de Alencar também foi homenageado pela expedição francesa de Charcot, com seu nome atribuído a um pico situado a 1.555 metros de altitude. O Almirante Alexandrino era o Ministro da Marinha e também prestou relevante apoio à expedição francesa por ocasião de sua passagem pelo Rio de Janeiro.
Para o Comandante Ichayo, a navegação por esses locais evidencia o potencial dos navios brasileiros na Antártica e as características de mobilidade e permanência, que permitem a exploração de novas áreas de interesse no continente gelado e nas suas águas circundantes. “Isso gera condições para que o Programa Antártico Brasileiro continue se expandindo para além das Ilhas Shetland do Sul [onde fica a estação antártica brasileira Comandante Ferraz, o que contribui para conferir estatura geopolítica e científica ao Brasil”.
As informações são da Agência Marinha de Notícias.
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