A Organização das Nações Unidas (ONU) atingiu, no dia 4 de março, um acordo para garantir a conservação e o uso sustentável da diversidade biológica marinha de áreas fora das jurisdições dos países. “O acordo para proteção da biodiversidade marinha em águas internacionais tem como propósito garantir um oceano mais saudável, resiliente e produtivo”, destacou o secretário-geral da ONU, António Guterres.
O chamado “Tratado do Alto-Mar” tem como meta proteger 30% dos oceanos e foi alcançado após quase duas décadas de negociações, em data bem próxima ao Dia Mundial da Água, comemorado no dia 22. Para o secretário-geral, o conjunto de diretrizes é um meio essencial para atingir os objetivos, relacionados aos oceanos, que compõem a “Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável” e visa proteger um terço da biodiversidade do mundo, na terra e no mar, até 2030.
Ainda de acordo com a ONU, 80% das mercadorias comercializadas globalmente são transportadas em navios e, de 2023 a 2027, o comércio marítimo global deve crescer uma média de 2,1%. Essa porcentagem é ainda maior nos países em desenvolvimento.
Amazônia Azul e a Economia do Mar
A Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM) estima que o mar gere R$ 2 trilhões por ano ao Brasil, o que representa 19% do Produto Interno Bruto (PIB). O cálculo considera a produção de petróleo e gás, a defesa, os portos brasileiros, o transporte marítimo, a indústria naval, a extração de minérios, além do petróleo, do turismo, da pesca, das festas populares ligadas ao mar e da culinária marinha.
A Amazônia Azul é fonte de alimento, energia e recursos minerais, além de ser a principal via para o comércio exterior. Dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários mostram que o setor portuário movimentou, em 2022, mais de 1,2 bilhão de toneladas, montante que representa a segunda maior movimentação da história portuária brasileira.
A Baía de Todos os Santos e a Economia do MarAbordando os aspectos econômicos da Amazônia Azul, a Academia de Engenharia da Bahia realizou, no dia 7 de março, no auditório do Comando do 2° Distrito Naval (Com2°DN), em Salvador, uma série de palestras com o tema “A Baía de Todos os Santos na Economia do Mar do Brasil”.
O evento, que reuniu aproximadamente 80 pessoas, entre professores, empresários, soamarinos e membros da comunidade marítima, serviu para apresentar a janela de oportunidades que está aberta para as atividades econômicas ligadas ao mar.
O primeiro palestrante foi o Doutor Joaci Fonseca de Góes, Presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, que destacou, em sua apresentação, que a Baía de Todos os Santos (BTS) é a maior baía do Brasil e possui enormes possibilidades econômicas. “Esta belíssima baía tem uma matriz histórica que nenhuma baía do mundo possui. Temos que pensar em todas as potencialidades além do turismo. Existe um mar de oportunidades econômicas”, destacou.
Joaci Góes afirmou que é preciso ter uma proposta concreta de um plano estratégico de desenvolvimento sustentável da região do recôncavo baiano e da BTS para reaquecer a região nos cenários ambiental, social e econômico. “Temos que ter um olhar global para o desenvolvimento urbano e regional e para o fortalecimento do transporte marítimo, do turismo, da pesca, de nossas marinas e dos esportes náuticos. É um trabalho de todos aqueles que lidam com os temas marítimos”.
Com o título “A contribuição da Marinha do Brasil (MB) para o desenvolvimento da Economia do Mar”, o Vice-Almirante Antonio Carlos Cambra, Comandante do 2° Distrito Naval, ressaltou as externalidades positivas proporcionadas pela MB e importantes estudos em curso, como o Planejamento Espacial Marinho, o Grupo-Técnico “PIB do Mar” e o livro “Economia Azul: vetor para o desenvolvimento do Brasil”.
O Almirante Cambra destacou, também, que o viés econômico do mar será o grande impulsionador da economia dos países litorâneos. “A Economia do mar é o assunto do momento no sistema internacional. O movimento é offshore, de energia ao alimento. O mar é a última fronteira. Esse é o movimento atual da humanidade”.
A última palestra, realizada pelo diretor do Worldwatch Institute (WWI) no Brasil, Eduardo Athayde, abordou, principalmente, os ativos ambientais da BTS, como energia eólica, solar e a matriz energética das marés. As águas transparentes, profundas e mornas da BTS guardam imensas riquezas culturais, ambientais e econômicas.
“Relatórios da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico] indicam que nove em cada dez investidores estão interessados em financiar a economia oceânica sustentável como fontes de alimentos, parques eólicos offshore, prospecção mineral e combustíveis navais carbono zero. Aí está nossa grande oportunidade”, complementou.
As informações são da Agência Marinha de Notícias.
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