Aempresa sul-coreana INNOSPACE divulgou a nova janela de lançamento do HANBIT-TLV para os dias 7 a 21 de março deste ano. Anteriormente previsto para voar entre os dias 14 a 21 de dezembro de 2022, o lançamento foi adiado devido a uma questão de ordem técnica, de acordo com informações divulgadas pela empresa e pela Aeronáutica.
A INNOSPACE entrou para a história do Programa Espacial Brasileiro (PEB) ao se tornar a primeira empresa privada a realizar uma operação no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). A missão Astrolábio pretende realizar o ensaio em voo do veículo sul-coreano e do Sistema de Navegação Inercial (SISNAV), carga útil brasileira a bordo.
Para que isso fosse possível, a INNOSPACE assinou, em conjunto com o Departamento Brasileiro de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), com apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB), um Acordo de Parceria Tecnológica, com vigência de 48 meses. Nele está incluso o ensaio de voo do HANBIT-TLV com o SISNAV e os voos de teste do HANBIT-Nano (lançador de 50 kg) e HANBIT-Micro (lançador de 150 kg).
Além disso, a empresa mantém um contrato com a Comissão de Coordenação e Implantação de Sistemas Espaciais (CCISE), com duração de cinco anos, para uso comercial. O contrato permite que a INNOSPACE possa ter um local de lançamento como ponto de partida para colocar satélites em órbita.
A partir desse primeiro lançamento do HANBIT, o CLA passará a operar em vários outros lançamentos comerciais que estão em negociação. “O Espaçoporto de Alcântara inaugura um novo capítulo em sua história, pois saímos do sonhado potencial para a realidade das operações com entes privados. Esse é apenas um passo diante dos diversos esforços que ainda precisamos empreender para colocá-lo pari passu com as melhores práticas mundiais. O arcabouço regulatório e as questões logísticas estão sendo tratados nos três níveis governamentais. Esse lançamento demonstra essa disposição de fazer e há de atrair os empreendedores e investidores para essa nova realidade no Maranhão”, afirma o presidente da Agência Espacial Brasileira, Carlos Moura.
Foguete e carga útil
O HANBIT-TLV é um veículo de testes com 8,4 toneladas e 16,3 metros de altura, desenvolvido pela empresa INNOSPACE, que utiliza um sistema patenteado de alimentação por bomba elétrica, além de tecnologia híbrida, ou seja, com propulsão à base de oxigênio líquido e uma mistura de parafinas. Dessa forma, proporciona composição química estável, fabricação mais rápida e de menor custo.
Além disso, os gases emitidos se dissipam rapidamente na atmosfera ao longo do voo, o que diminui bastante os impactos ao meio ambiente e ao meio marítimo.
Já o SISNAV é um sistema inercial desenvolvido pelos militares e profissionais civis do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), que mandará dados de navegação para análise na Terra. A equipe técnica verificará se o sistema opera bem em ambientes reais, com variáveis extremas como, por exemplo, vibração, choque e alta temperatura, que ocorrem em todo o processo desde a decolagem e durante o voo transatmosférico.
O SISNAV está inserido dentro do SISNAC (Sistema de Navegação e Controle) que fará parte do Veículo Lançador de Microssatélites (VLM), projeto este do IAE, apoiado pela AEB e dentro do Programa Espacial Brasileiro.
Trajetória da operação
O HANBIT-TLV pousou no Aeroporto Internacional de São Luís (MA), entre os dias 3 e 4 de dezembro de 2022, por meio de um Boeing 474. Sua chegada teve que mobilizar equipes da Força Aérea Brasileira (FAB), da INNOSPACE, do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo (DTCEA) e do Grupo CCR, concessionária que administra o aeroporto de São Luís.
Para chegar ao Centro de Lançamento, a carga precisou ser colocada em carretas para, então, seguir até Alcântara, via ferry-boat. Foram 12 horas de trabalho logístico até que o HANBIT-TLV, finalmente, chegasse ao Prédio de Preparação de Propulsores (PPP), local onde foi integrado à carga útil SISNAV.
O projeto da plataforma de lançamento sul-coreana, construída dentro do CLA, levou em torno de três meses para ser realizado, dada às tratativas entre a INNOSPACE e as empresas brasileiras. A construção durou 45 dias e envolveu empresas locais do Maranhão, como a Memps.
No dia 15 de dezembro, o foguete realizou, com sucesso, o primeiro teste vertical na plataforma.
A primeira janela de lançamento da operação contemplou os dias 14 a 21 de dezembro de 2022. A equipe da INNOSPACE foi composta por 60 sul-coreanos, hospedados no Brasil desde o início do mês.
A INNOSPACE
A INNOSPACE é uma startup espacial sul-coreana, fundada em 2017. Tem como CEO o engenheiro aeroespacial Soo Jong Kim e fica localizada na cidade de Sejong, a menos de três horas da capital, Seul (KR). Devido às relações com o Brasil, a empresa dispõe de subsidiária integral, localizada em São José dos Campos (SP). É a INNOSPACE Brasil que gerencia as operações de lançamento no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA).
O seu objetivo é a fabricação de pequenos lançadores de satélites e serviços de engenharia aeroespacial. A empresa está desenvolvendo lançadores de pequenos satélites híbridos, movidos a foguetes (HANBIT), para fornecer serviços de lançamento que sejam confiáveis, de baixa latência e baixo custo, no mercado atual de pequenos satélites, que se encontra em rápida expansão, o chamado New Space.
O Centro de Lançamento de Alcântara
Inaugurado em 1991, na cidade de Alcântara, no Maranhão, o Centro de Lançamento de Alcântara completou 32 anos em 2023. O Centro possui tecnologia de ponta e coloca o Brasil em posição de vantagem no mercado espacial, em razão de apresentar as condições ideais para lançamentos.
O fato de estar próximo ao Equador permite o aproveitamento da velocidade de rotação da Terra, o que reduz a queima de propelente, gerando grande economia e tornando possível levar mais cargas úteis em cada lançamento. Sem contar que Alcântara apresenta condições climáticas favoráveis e, para completar, o Centro possui um azimute de 107 graus, que permite a mudança de planos orbitais sem a necessidade de mudar de local de lançamento.
Em um grande passo para o programa espacial, foram anunciadas, em 2021, as empresas selecionadas para realizar lançamentos de veículos espaciais orbitais e suborbitais, em Alcântara. O Espaçoporto de Alcântara tem se preparado para ser uma referência internacional, o que faz com o que Brasil tenha ainda maior participação no mercado espacial global, o que é essencial para o desenvolvimento tecnológico, econômico e de inovação.
As informações são da Agência Espacial Brasileira.
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