A Amazul – Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A., empresa pública estratégica que atua na área nuclear, desenvolve tecnologias voltadas para garantir a soberania brasileira no território marítimo, melhorar a saúde e a qualidade de vida da população e proporcionar outros benefícios para a sociedade. “Os projetos e empreendimentos de que participa têm como escopo final a construção do submarino convencionalmente armado com propulsão nuclear (SCPN), a geração de energia elétrica, a produção de radiofármacos, o desenvolvimento de dispositivo para ajudar pacientes com insuficiência cardíaca e a conservação e proteção de alimentos”, destaca o diretor-presidente da Amazul, vice-almirante Newton de Almeida.
A empresa foi constituída em 2013 para promover, desenvolver, absorver, transferir e manter as tecnologias necessárias ao Programa Nuclear da Marinha (PNM), Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB) e Programa Nuclear Brasileiro (PNB).
Dentro do PNM, a Amazul atua nos empreendimentos da Marinha que têm o objetivo de projetar e construir reatores nucleares para geração de energia elétrica e propulsão naval, e produzir seu combustível a partir do urânio enriquecido. Atualmente, está sendo construído em Iperó, interior de São Paulo, o Laboratório de Geração Núcleo-Elétrica (Labgene), um protótipo, em terra, do sistema de propulsão nuclear do submarino.
O Programa de Desenvolvimento de Submarinos foi criado em 2008, por meio de parceria entre Brasil e França, com o objetivo principal de desenvolver quatro submarinos convencionais e o SCPN, indispensáveis para a defesa da soberania do País e a proteção das águas jurisdicionais brasileiras, a nossa Amazônia Azul. Nesse imenso território marítimo, com cerca de 5,7 milhões de km2, estão as reservas do pré-sal e dele se retiram cerca de 97% do petróleo, 80% do gás natural e 45% do pescado produzido no país. A Amazônia Azul abriga inestimáveis recursos naturais e uma biodiversidade ainda não explorada. Pelas rotas marítimas são escoados mais de 95% do comércio exterior brasileiro. Ajudar a proteger essas riquezas é um bem social e uma das tarefas da Amazul.
“Em relação ao PROSUB, a Amazul está comprometida com a capacitação de pessoal e a busca de parcerias com empresas para aumentar o grau de nacionalização da Planta Nuclear Embarcada SCPN. A concretização do PROSUB fortalece setores da indústria nacional de importância estratégica para o desenvolvimento econômico do País”, ressalta o diretor-presidente da empresa.
Geração de energia elétrica
O conhecimento gerado pelo PNM permite à Amazul o uso das tecnologias para fins não militares, dentro do Programa Nuclear Brasileiro, como a geração de energia. Junto com a Marinha, a Amazul participa da fabricação de ultracentrífugas destinadas ao enriquecimento de urânio, que é transformado em combustível nuclear pela Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e enviado às usinas de Angra. Ainda para a INB, projeta a ampliação da Usina Comercial de Enriquecimento de Urânio (UCEU), em Resende (RJ), dentro do programa da estatal de abastecer as usinas de Angra com combustível nuclear.
Em parceria com a Eletronuclear, a Amazul atua no projeto de extensão da vida útil da Usina Nuclear de Angra I e está capacitada para atuar em Angra II e Angra III.
O reator que a Marinha está desenvolvendo em Iperó, com a participação da Amazul, e que vai equipar o SCPN, é um verdadeiro protótipo de small modular reactor (SMR), com tecnologia totalmente nacional. Esse tipo de reator é uma das alternativas para a instalação de pequenas usinas que poderão levar energia a regiões mais isoladas do País, a custos competitivos. A Amazul tem pessoal capacitado para participar ativamente desse projeto.
Tecnologia nuclear para salvar vidas
Na área de medicina nuclear, a Amazul participa da implantação de um programa de modernização no Centro de Radiofarmácia do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), em São Paulo, em parceria com a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que garante a produção e distribuição de radiofármacos para todo o País, contribuindo com a melhoria da qualidade de vida de milhares de brasileiros.
Um dos projetos estratégicos e de grande alcance social é o desenvolvimento do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), junto com a CNEN, voltado para pesquisa e produção de radioisótopos, que são aplicados na medicina, na agricultura, na indústria e em testes de materiais. Sua principal função é tornar o Brasil autossuficiente na produção de insumos, hoje importados, para a fabricação de radiofármacos usados no diagnóstico e no tratamento do câncer e outras doenças. O projeto detalhado do RMB foi concluído pela Amazul no final de 2021, em parceria com a CNEN e a empresa argentina Invap.
Na área de medicina nuclear, os radiofármacos são usados no diagnóstico e tratamento de doenças como o câncer. O RMB também produzirá traçadores que são empregados em pesquisas em agricultura, indústria, proteção do meio ambiente e biologia. Permitirá, por exemplo, testar materiais e combustíveis nucleares, localizar fissuras em superfícies como asas de avião ou verificar a quantidade de agrotóxicos contida em alimentos.
O uso dual da tecnologia das ultracentrífugas, empregadas para o enriquecimento do urânio, está presente em projetos voltados para melhorar a saúde e salvar vidas. Um exemplo é o conhecimento tecnológico aplicado pelo Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo na fabricação de ultracentrífugas no desenvolvimento de um motor para o Dispositivo de Assistência Ventricular (DAV), equipamento que ajuda a bombear o sangue para o coração de pacientes com insuficiência cardíaca que estão à espera de transplante. Com isso, o paciente ganha uma sobrevida para aguardar o novo coração, sem necessidade de recorrer a dispositivos importados de elevadíssimo custo. A Amazul mantém uma parceria com o Instituto do Coração – Incor para desenvolver este motor para o DAV.
Maior vida útil para alimentos
Em parceria com o Ministério da Agricultura, instituições de pesquisa, o IPEN e a iniciativa privada, a Amazul realiza tratativas para a implantação de centros de irradiação industrial no Brasil, notadamente na área de alimentos. A irradiação de alimentos poderá impulsionar ainda mais as exportações do agronegócio no País. Para se ter uma ideia, o Brasil é o 3º maior produtor de frutas do mundo, mas apenas o 23º maior exportador. No mercado interno, essa tecnologia poderá reduzir o desperdício e baratear o custo dos alimentos.
* Esta reportagem faz parte do informe ABIMDE (Dez/22)
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