Com 46 anos dedicados à vida militar, o Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior, assumiu o comando, a chefia e a direção de diferentes organizações da Força Aérea Brasileira (FAB). Atualmente, no posto de Comandante da Aeronáutica ele tem o desafio de fortalecer ainda mais o trinômio: defender, controlar e integrar.
Além disso, a FAB necessita estar em constante planejamento de atividades e atualização de vetores e armamentos para estar alinhada com os avanços tecnológicos. “Entendemos que se faz necessário planejar o que se espera de uma Força Aérea do futuro: ser uma organização moderna, ágil e adaptável”, afirma Almeida Baptista Junior, na entrevista concedida à Informe Abimde.
Informe Abimde: Quais os desafios e perspectivas da FAB para 2023?
Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior: Nossa vocação continua voltada às respostas rápidas e eficientes à sociedade, concretizada por meio de constantes ações de apoio à Nação. A FAB cumpre, diuturnamente, sua missão de defesa e de garantia da soberania do espaço aéreo brasileiro, exercendo ações contra movimentos aéreos que estejam em confronto com os interesses nacionais ou em desacordo com as regras e normas em vigor, tanto em tempo de paz como em um eventual conflito.
Continuaremos baseados nos pilares homem, máquina e ambiente. Quanto ao pessoal, focaremos na proteção de nossos homens e mulheres, trabalhando as políticas de valorização da família militar, e no preparo constante, com a realização de grandes exercícios, como o Tápio, em Campo Grande (MS), e o Tínia, em Santa Maria e Canoas (RS). Neste sentido, é importante citarmos a chegada do caça multimissão F-39 Gripen, que já estará operando a partir da Base Aérea de Anápolis e trará incontáveis benefícios para a nossa defesa aérea.
Por fim, ao citar o ambiente, assimilemos que ele se refere ao conjunto composto pelas Forças Armadas irmãs; pelas instituições públicas do Estado Brasileiro; pelas instituições privadas da nossa sociedade; e, em última instância, como usuários finais do poder aéreo brasileiro, por todos os cidadãos brasileiros, cujos impostos fornecem os recursos orçamentários a serem alocados ao Comando da Aeronáutica.
IA: Quais são as prioridades da FAB para os próximos cinco anos?
Baptista Junior: A Força Aérea Brasileira envidará todos os esforços possíveis para o cumprimento do trinômio: defender, controlar e integrar. Os meios aéreos e de Força Aérea devem ser mantidos atualizados e capazes de atender às demandas do País, assim como aqueles compromissos ratificados internacionalmente.
Com os desafios da propagação tecnológica e as constantes revoluções do conhecimento, entendemos que se faz necessário planejar o que se espera de uma Força Aérea do futuro: ser uma organização moderna, ágil e adaptável, tanto no planejamento quanto na execução das suas atividades, mas que, para isso, terá que se adequar à realidade orçamentária e às possíveis transformações no panorama global.
Em consonância com os objetivos estabelecidos, trabalhamos para o pleno desenvolvimento do fator dissuasório que, obviamente, depende de algumas condições para ser alcançado. Alguns exemplos disso são: meios de força aérea para pronta resposta, adequadamente dimensionados e com possibilidade de serem rapidamente distribuídos no território nacional; veículos lançadores e plataformas espaciais; meios de detecção, de vigilância e de monitoramento, o que inclui radares, aeronaves de alarme antecipado ou de controle, aeronaves e veículos aéreos não tripulados de reconhecimento e satélites, além de meios de defesa antiaérea.
O advento de novas tecnologias, ameaças, vetores e concepções aponta para ciclos cada vez mais curtos na busca de soluções que permitam elevar o nível dos militares da Força Aérea à altura dos desafios que se apresentam.
IA: A guerra na Ucrânia aponta que os ataques cibernéticos e os drones estão entre as principais armas em futuros conflitos. Como a FAB vem se preparando para este novo cenário?
Baptista Junior: Devido ao acelerado avanço tecnológico mundial, é necessária a atualização dos vetores e dos armamentos em uma cadência cada vez maior. A Força Aérea tem acompanhado os cenários em relação à defesa. Como exemplo, podemos citar a assinatura do contrato para aquisição de novo lote de mísseis IRIS-T, do tipo ar-ar de curto alcance e de última geração. Equipado com sensor infravermelho e empuxo vetorado, é um armamento essencial para ser utilizado em combate aéreo na aeronave F-39 Gripen. Também recebemos o segundo lote do míssil Meteor, que vai equipar as aeronaves Gripen.
Com o novo armamento, o Brasil dá um salto na capacidade de combate aéreo, cumprindo, assim, o objetivo de ser uma Força Aérea de grande poder dissuasório, operacionalmente moderna e atuando de forma integrada para a defesa dos interesses nacionais. O Meteor é um míssil BVR (do inglês, Beyond-Visual-Range), que significa além do alcance visual e oferece capacidade contra alvos a longa distância.
A FAB decidiu fortalecer também seu poder de defesa cibernética, por meio do aprimoramento da estrutura de proteção, já existente, no Centro de Computação da Aeronáutica de Brasília (CCA-BR). A implantação do Núcleo do Centro de Defesa Cibernética da Aeronáutica (NuCDCAER) viabiliza a futura unidade operacional, que deverá dedicar-se às atividades de exploração e de ataque previstas na Doutrina Militar Conjunta de Defesa Cibernética.
Dentro dos esforços para desenvolvimento de capacidades e de doutrina ainda é importante ressaltar o Sistema de Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP), com os modelos RQ-450 Hermes e RQ-900 Hermes. O Hermes 900, por exemplo, é uma ARP de grande porte, com avançado sistema e com alta confiabilidade e segurança nas operações. Já o Hermes 450 permite maior consciência situacional no combate.
IA: Como o senhor avalia o potencial da BID? Na sua avaliação, a Indústria Nacional de Defesa está preparada para atender às demandas atuais e futuras da FAB?
Baptista Junior: A Base Industrial de Defesa demanda investimentos permanentes e orçamento previsível para que as Forças Armadas mantenham sua capacidade dissuasória, sejam operacionalmente modernas e atuem de forma integrada para a defesa dos interesses nacionais. Para que possa se consolidar com sucesso, a BID depende do trabalho conjunto e harmônico do setor produtivo, concentrado essencialmente na iniciativa privada, com o setor de desenvolvimento, a cargo do Estado. Ter um bom relacionamento com as Forças e demais Órgãos de Defesa e Segurança é de fundamental importância para a indústria de defesa. Temos favorecido essa troca de experiências e o aprimoramento do setor.
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