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Na última quinta-feira (14/04), o Centro de Coordenação de Salvamento Aeronáutico de Brasília (ARCC-BS), unidade da Força Aérea Brasileira (FAB) responsável por coordenar as operações de buscas aéreas, foi acionado para encontrar uma aeronave – de matrícula PR-AAM, utilizada para realizar a pulverização de campos agrícolas – que desapareceu próximo ao município de Mineiros, interior do estado de Goiás.

Em um trabalho conjunto, o Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), Organização Militar da FAB, responsável pela coordenação de missões aéreas, acionou, também, o Segundo Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação (2º/10º GAV) – Esquadrão Pelicano, sediado na Base Aérea de Campo Grande (MS), que localizou a aeronave na manhã do dia 15/04.

Neste sentido, cabe ressaltar como ocorrem as operações de busca e salvamento realizadas pela Força Aérea, uma vez que este é um trabalho que, por trás de toda operação para encontrar e resgatar vidas envolve um complexo sistema coordenado pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA): o Sistema de Busca e Salvamento Aeronáutico (SISSAR).

O que é o SISSAR?

O SISSAR foi implementado pela Portaria nº 99/GM3. Em 2020, a Portaria nº 106/GC3, de 28 de janeiro, alterou o Sistema de Busca e Salvamento Aeronáutico estabelecendo sua constituição, suas competências, e delimitações. Com atuação em uma área de 22 milhões de quilômetros quadrados, grande parte sobre o Oceano Atlântico e a Amazônia, o SISSAR tem por objetivo a localização e o socorro de ocupantes de aeronaves ou de embarcações em perigo, o resgate e o retorno com segurança de sobreviventes de acidentes aeronáuticos e marítimos, conforme previsto na Portaria 106/GC3, de 28 de janeiro de 2020.

Para cumprir sua missão, o SISSAR tem como órgão central o DECEA, a quem cabe capacitar recursos humanos e treiná-los, bem como, normatizar, gerenciar, controlar, apoiar e supervisionar tecnicamente os Centros de Coordenação de Salvamento Aeronáuticos (ARCC), conhecidos como SALVAERO. Estes são os responsáveis por averiguar as informações acerca de uma emergência, planejar todas as ações a serem desenvolvidas e solicitar o apoio dos recursos aeronáuticos ao COMAE, que disponibiliza as aeronaves para o cumprimento das missões SAR (do inglês, Search And Rescue).

Os SALVAERO coordenam as Operações de Busca e Salvamento até que estas tenham sido consideradas encerradas, ou seja, quando o objeto da busca tenha sido localizado e todos os seus ocupantes resgatados. Entretanto, caso os esforços empregados não tenham obtido sucesso na localização do objetivo, a missão é considerada suspensa, mas pode ser reiniciada desde que novos fatos justifiquem sua continuação.

Além dos militares capacitados e vetores com recursos de ponta, há ainda muita tecnologia sendo empregada para o cumprimento da nobre missão de salvar vidas. Um dos destaques do SISSAR é a utilização de satélites que captam sinais provenientes de balizas de emergência e que são transmitidos para as antenas de recepção do Centro Brasileiro de Controle de Missão (BRMCC), que faz parte do Programa Internacional Cospas – Sarsat, e está localizado no Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA I).

É importante ressaltar que o Sistema Cospas – Sarsat é gratuito e é utilizado mundialmente para fornecer dados de localização e alerta de socorro precisos, oportunos e confiáveis para que as autoridades de busca e salvamento possam salvar pessoas em situações de perigo. Assim sendo, o BRMCC distribui sinais de emergência transmitidos por aeronaves, embarcações ou por pessoas em situações de perigo aos Centros de Coordenação de Salvamento, que terão por incumbência coordenar as operações de busca e salvamento.

Esquadrão de Busca e Salvamento

Especialmente treinado para cumprir missões SAR, o Esquadrão Pelicano (2º/10º GAV) está apto para atender a qualquer situação de emergência, seja na terra ou no mar. Seguindo as normas internacionais de busca e salvamento, a aeronave SC-105 Amazonas é utilizada para cumprir este tipo de missão, com capacidade de fazer busca visual e noturna.

Segundo o Oficial de Operações do 2º/10º GAV, Major Aviador Gustavo Gomes Canedo, a aeronave SC-105 Amazonas é um vetor novo, adquirido pela FAB que tem capacidade de realizar esse tipo de missão. “O SC-105 possui um sistema eletro-óptico infravermelho, que detecta o contraste termal, ou seja, a diferença de temperatura, assim, consegue-se gerar uma imagem independente de luz ambiente, tendo ainda a versão mais recente da câmera FLIR (Forward Looking Infra-Red), que registra imagens coloridas, aproxima em 18 vezes e opera em ambiente de baixa luminosidade. Dessa forma, pode-se fazer decolagens à noite, sem a necessidade de se aguardar a luz do dia. Com isso, ganha-se tempo, que em casos de busca e salvamento, são essenciais, uma vez que lidamos diretamente com vidas humanas”, explica.

Neste sentido, o Major Canedo destaca ainda outras funcionalidades do SC-105, como o radar com abertura sintética, imageamento por infravermelho e integração de sistema. Tendo ainda capacidade de monitorar, em 360 graus e simultaneamente, até 640 alvos em um raio de 200 NM (370 km), podendo detectar alvos pequenos e acompanhá-los em movimento na superfície com até 75 kts (139 km/h). Para missões de busca e salvamento, os militares contam ainda com o auxílio de óculos de visão noturna (NVG, sigla em inglês para Night Vision Goggles).

Segundo o Chefe da Divisão de Busca e Salvamento (DSAR) do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), Major Aviador Bruno Vieira Passos, as missões de busca e salvamento devem ser realizadas com rapidez e muito cuidado, dessa forma, os melhores meios sempre serão empregados. “Para operações dessa natureza, contamos ainda com o apoio das aeronaves de asas rotativas H-60L Black Hawk, do 2°/10°GAV, que fazem resgates de sobreviventes de forma mais ágil e segura. Para isso, conta com experientes paraquedistas do Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento (EAS) que, altamente treinados, conseguem chegar ao local com maior rapidez”, relatou.

Para concluir, deve-se salientar a atuação do Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento (EAS), também conhecido como Para-Sar, nas missões de busca e salvamento. Assim, o Major Canedo esclarece que sempre que o 2°/10°GAV é acionado para realizar missões – seja no SC-105 Amazonas ou no H-60L Black Hawk – a equipe de resgate é mobiliada por militares do Para-Sar (paraquedistas), que irão descer para fazer o resgate da vítima (por rapel ou guincho). “Então, percebe-se que as missões de busca e salvamento resumem-se em operações complexas, evidenciando a cooperação existente entre as organizações militares da FAB, como ocorre neste caso, no qual a equipe de resgate é composta por militares do 2°/10°GAV e do Para-Sar”, complementa.

Esquadrões de busca e salvamento

É importante evidenciar o trabalho desenvolvido em operações de salvamento e resgate pela Força Aérea em todo o Brasil. De tal modo, a FAB conta com Esquadrão que opera a bordo do P-3 AM Orion, como o Primeiro Esquadrão do Sétimo Grupo de Aviação (1º/7º GAV) – Esquadrão Orungan e do P-95 Bandeirulha, como os Esquadrões Phoenix e Netuno – Segundo Esquadrão do Sétimo Grupo de Aviação (2º/7º GAV) e Terceiro Esquadrão do Sétimo Grupo de Aviação (3º/7º – GAV), respectivamente. Além do Esquadrão Pelicano, o Quinto Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação (5º/8º – GAV) – Esquadrão Pantera e o Sétimo Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação (7º/8º – GAV) – Esquadrão Hárpia também cumprem missões com o H-60L Black Hawk. Ademais, o Terceiro Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação (3º/8º GAV) – Esquadrão Puma e o Primeiro Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação (1º/8º – GAV), utilizam a aeronave H – 36 Caracal. Há ainda o Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Transporte (1º/1º – GT) – Esquadrão Gordo que é especializado em operações a bordo da aeronave C-130 Hércules.

As informações são da Força Aérea Brasileira.

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