A preocupação sobre a possibilidade de interferência do 5G nos sistemas aeronáuticos, mais especificamente nos radares altímetros, que tomaram os portais de notícias após o cancelamento de mais de 300 voos nos Estados Unidos na última quarta-feira (19) não é novidade.
Este assunto já vem sendo discutido no setor aeronáutico desde abril de 2020 pelos membros da RTCA (Radio Technical Commission for Aeronautics), a qual publicou, em outubro de 2020, um relatório completo sobre os possíveis impactos da implementação do 5G na segurança de voo.
A preocupação levantada pela RTCA e acolhida pela FAA (Federal Aviation Administration), a ANAC americana, está no fato da faixa de frequência para uso do 5G nos EUA ser muito próximo da faixa de frequência de operação do radar altímetro. O 5G nos EUA funciona de 3,7 a 3,98 GHz enquanto os radares altímetros operam de 4,2 a 4,4 GHz.
Segundo a RTCA em seu relatório publicado em 2020, o radar altímetro é o único equipamento a bordo capaz de fornecer com precisão a altitude da aeronave do solo ou de obstáculos sob o solo. Essa informação é repassada a importantes sistemas para a segurança de voo. Dentre esses sistemas incluem os sistemas de controle de voo e de pouso automático, utilizados para pouso em condições de baixa visibilidade.
O radar altímetro funciona através da emissão e recepção de sinais de rádio na faixa de frequência de 4,2 a 4,4 GHz. Através da medição do tempo de retorno do reflexo do sinal no solo é possível determinar a altitude. Como o sinal refletido chega à aeronave com baixa potência a recepção do radar altímetro possui boa sensibilidade para permitir a medição de forma adequada.
Desta forma, outros sinais na mesma faixa de frequência oriundos de outras fontes, como o 5G, podem ser percebidos pelo radar altímetro e implicar em uma medição errada de altitude. Embora o 5G nos EUA não opere exatamente na mesma faixa de operação dos radares altímetros, a transmissão do sinal 5G pode conter espúrios, ou seja, pode conter sinais gerados não intencionalmente na faixa de operação dos radares altímetros. Além disso, os radares altímetros são projetados para captar sinais de baixa potência, de forma que sinais com potência alta em frequências adjacentes a sua operação podem ser detectados.
Dentro desse cenário, a LACE tem muito a colaborar, uma vez que está envolvida tanto no setor aeronáutico quanto em projetos de pesquisa e desenvolvimento relacionados à tecnologia 5G. Podendo apoiar em soluções de testes dos radares altímetros, para validar que eles não sofrem interferência de sinais 5G. Assim como na implementação de uma solução efetiva, como o desenvolvimento de filtros de radio frequência, dispositivos que adicionam uma barreira extra e impedem que os radares altímetros sofram interferências dos sinais adjacentes com alta potência.
Fonte: Artigo publicado no Lnkedin pela Lace, empresa associada à ABIMDE