Representantes da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), da Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (ABACC), do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), dentre outros órgãos se reuniram de forma híbrida na Fábrica de Combustível Nuclear (FCN), em Resende/RJ e virtualmente, para apresentação dos resultados dos testes práticos do método de “Amostragem de Hexafluoreto de Urânio Gasoso Utilizando Pastilhas de Alumina”. A INB foi a planta comercial escolhida para os primeiros testes iniciados em 2019.
Apelidado de “Método Cristallini” em homenagem ao químico argentino Osvaldo Cristallini, o procedimento foi desenvolvido pela ABACC e pelo IPEN, e tem como base a capacidade de absorção do hexafluoreto de urânio (UF6) pelas pastilhas de óxido de alumínio (alumina).
Como parte de um acordo internacional para o uso exclusivamente pacífico da energia nuclear, a ABACC e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) coletam amostras do UF6 enriquecido na INB para verificar, de forma independente, o teor isotópico do material declarado.
A amostragem pelo método tradicional, no entanto, utiliza ampolas de aproximadamente 10 gramas do hexafluoreto de urânio na forma gasosa. Isto exige cuidados para o transporte das amostras para os laboratórios.
De acordo com o Dr. Olívio Júnior, responsável pela divisão de Processos do IPEN, o objetivo da reunião foi apresentar para a AIEA e demais órgãos, os dados obtidos nos ensaios realizados na planta de enriquecimento da INB. “Com o resultado que obtivemos, podemos demonstrar como o método é mais simples, seguro, gera menos riscos e rejeitos do que é utilizado hoje”, explicou.
“No Método Cristallini, as pastilhas de alumina impregnadas com o UF6 são facilmente transportadas aos laboratórios para serem analisadas, mantendo a composição isotópica original do urânio, e, lá, elas são quebradas em ácido nítrico para análise. Desta forma, não há perigo radiológico, já que se coleta uma quantidade mil vezes menor do material”, explicou o Dr. Olívio. A ideia, de acordo com o responsável técnico, é que em breve seja possível aplicar o procedimento em usinas de eriquecimento isotópico ao redor do mundo.
O procedimento já foi validado pela Sociedade Americana para Teste de Materiais (ASTM – American Society for Testing Materials), que criou a norma C1880-19. “Os responsáveis pelo licenciamento em cada país que devem decidir pela adoção do método, já que do ponto de vista técnico ele já teve sua comprovação”, destacou. Essa foi a primeira norma desenvolvida por brasileiros a ser estabelecida pela associação.
Conforme a gerente de Engenharia de Processo da INB (GEPRO.E), Janine Gandolpho, a metodologia reduz o tempo da atividade de salvaguardas de forma segura. “Do ponto de vista do operador, ganhamos pelo tempo de amostragem e, por outro lado, a Agência também ganha pela facilidade no transporte pois os recipientes são simplificados, já que não há presença de Ácido Fluorídrico (HF). Além disso, a massa de Urânio é infinitamente menor”, explicou a gerente.
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